Renoir, Pintor da Luz, da Felicidade e da Harmonia

João Bugalho
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No final da década de 80 começa a ser atacado pelo reumatismo, que se vai acentuando até que, em 1910, cada vez mais magro, fica definitivamente preso a uma cadeira de rodas. A doença leva-o a escolher o Sul de França para viver e, em 1905, muda-se definitivamente para a Côte d’Azur. Nascera entretanto, em 1901, o seu terceiro filho, que lhe serviu frequentemente de modelo.

Em 1907 o Metropolitan Museum de Nova York compra num leilão o famoso retrato de “Madame Charpentier e as suas filhas”, pintado em 1878, quadro que na época em que Renoir era tão criticado teve a sua importância, já que Charpentier era um conhecido editor que acreditou no valor do pintor ao ponto de lhe encomendar o retrato da sua família. É também em 1907 que o pintor compra a quinta “Les Collettes”.

A partir de 1904 a doença começou a tornar-se insuportável, mas nem por isso Renoir deixa de pintar, chegando a um ponto em que lhe entalavam os pincéis entre os dedos, nas mãos ligadas. Apesar disso o pintor só interrompia o trabalho quando as dores lhe eram completamente intoleráveis. Chegou mesmo a tornar-se escultor sem poder utilizar as próprias mãos, dando indicações aos assistentes que iam moldando no barro, conforme as suas instruções. O espanhol Guino foi o seu mais dedicado assistente e interpretou de tal modo as instruções recebidas que é o traço de Renoir que ressalta das esculturas. 
 
Apesar da doença e do sofrimento nunca se deixou dominar pelo pessimismo ou pela tristeza. Renoir mostrou um grande desprezo pela estupidez da guerra, na qual ficaram feridos dois dos seus filhos. Um deles, Jean Renoir, veio a tornar-se famoso realizador de cinema e escreveu, em 1962, uma preciosa biografia sobre seu pai: “Renoir, mon pére”.

Renoir manteve sempre um intenso contacto com a natureza e mandou construir na sua casa de Cagnes um estúdio ao ar livre, onde pudesse observar a cor em todo o seu esplendor. No final da sua obra é especialmente impressionante a “festa” da luz, muito em particular a que envolve ricamente as figuras femininas, tema ainda predilecto, mas agora mais amadurecido e por isso mais universal. Gabrielle, que tomava conta do seu filho mais novo, tornou-se um modelo favorito e ficou por ele eternizada como um símbolo visual do feminino.

Em 1919 foi levado de cadeira de rodas a visitar o Louvre, onde viu um dos seus quadros ao lado de Veronese. Nesse ano, Pierre-Auguste Renoir comentava que ainda fazia progressos e chegou a afirmar então: “Creio que, aos poucos, começo a perceber disto”. Acometido em Novembro por uma pneumonia, veio a falecer em 3 de Dezembro e está sepultado em Essoyes, ao lado de Aline, sua mulher.

É considerado por muitos o pintor da luz, da felicidade e da harmonia.

 

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