Poesia da Árvore

João Bugalho
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O livro termina com o poema "O Zambujeiro" de Sebastião da Gama:

Deus disse: "O Zambujeiro nasça".
Viril, rompeu da terra o Zambujeiro.
O tronco é o dum homem das montanhas.
São mãos de cavador seus ramos. Só as folhas,
Delicadas, suaves... Pela noita,
Quando tudo se cala, mesmo os pássaros,
O Zambujeiro canta...

(in Pelo Sonho é que vamos)

 

ou ainda de António Ramos Rosa:

ÁRVORE

Forço e quero ao fundo delicadamente
como subindo no sentido da seiva
espraiar-me nas folhas verdejantes,
espaçado vento repousando em taças,
mão que se alarga e espalma em verde lava,
tronco em movimento enraizado,
surto da terra, habitante do ar,
flexíveis palmas, movimentos, haustos,
verde unidade quase silenciosa.

(in Ocupação do Espaço)

 

ou do Diário de Miguel Torga:

A UM CARVALHO

Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
A sarça ardente é quando o sol, a pino,
O inunda de seiva e de calor.

Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...

 

ou de Forbela Espanca:

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vêde:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

(in Charneca em Flor)

 

É verdade. Já me esquecia de dizer que o livro abre com D.Dinis:

Ai, flores, ai, flores do verde pino...

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