Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares sussurrando gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
Excedeu-se em formar-te a Natureza,
Divina te julguei pelo semblante,
Humana vejo que és pela fraqueza.
Finalmente, neste século de ciência e tecnologia, podemos ver, por exemplo, em Eugénio de Andrade, como a Natureza continua a enriquecer as obras poéticas:
Meu amor, amor de uma viagem nocturna com as andorinhas, iluminou-se o teu corpo na noite.
Iluminou-se com a palavra exacta que muda os cavalos em rios, os rios em aves, as aves na tua boca.
Documentos Recomendados
A Arte Poética
A estética do frio e o templadismo: representações da paisagem platina através da música popular