A árvore na paisagem romântica

César Borralho
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William Beckford foi um notável escritor romântico do século 18 que, sendo inglês, manteve uma ligação particular com Portugal e com a sua paisagem. Aqui aborda-se brevemente a presença e o significado da árvore na obra de Beckford.

O tema da árvore surge com uma notável continuidade na obra de William Beckford. Mais do que uma descrição específica e condicionada pelas características da própria árvore, uma espécie de cristalização da atenção leva-o a abordar estes seres vivos sempre da mesma maneira.


Um dos pontos altos da primeira estadia de Beckford na Suiça foi a visita ao Mosteiro da Grande Chartreuse em Junho de 1778. Durante todo o tempo que aí permaneceu, explorou os bosques vizinhos numa vigilância atenta às árvores e aos rochedos. Mais tarde recordará assim:


"Os bosques são aqui cobertos pela escuridão e as correntes precipitando-se com mais violência perdem-se na sombra das cavernas em baixo. .O canal da corrente com o fundo por entre penhascos assustadores, e os pálidos salgueiros e as raízes entrelaçadas espalhadas sobre ela, correspondiam às minhas ideias acerca dessas tristes moradas onde, de acordo com a mitologia druida os espíritos de guerreiros conquistados eram confinados" (citação de T.W. Oliver 1932 - The Life of William Beckford of Fonthill). 
 
O gosto de Beckford pela solidão é patente noutros escritos. Numa carta a. Elisabeth Hervey datado de 1778 escreve:


"Anseio por estar no vale, por percorrer aqueles locais verdes junto à corrente, recostar-me contra os castanheiros ." (citação de L. Melville 1910 - The Life and Letters of William Beckford of Fonthill)


Um outro afastamento em relação aos seus semelhantes parece vir a par com esta preferência pelas coisas silvestres. Retira-se para a floresta, retoma a relação com as árvores numa simplicidade muito particular que se mostra nitidamente no seguinte trecho:

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