Os conceitos e percepção da natureza e do natural pelo Homem, evoluiram muito ao longo do tempo. Será que só nos poderemos dar ao luxo de conservar, depois de termos interferido o suficiente para controlar o natural?
Já alguma vez pensou quantas vezes são utilizadas as palavras "natureza" e "natural"? Mas o que significa algo ser natural? Que visão tem o Homem do natural? E ela tem-se mantido inalterável ao longo da sua História? Para que possamos ter uma perspectiva mais clara sobre o significado de "natural", é extremamente interessante estudar a evolução deste conceito ao longo dos tempos.
Para o Homem primitivo, todos os juízos e hierarquizações de valores estavam ligados à capacidade de sobreviver. Conforme algo contribuía ou não para a sobrevivência era benéfico ou temido, respectivamente. Durante muitos anos a ideia de paraíso era a de um local onde existissem condições climáticas favoráveis e comida abundante, tal como um jardim. Esta ideia ainda hoje está presente nas nossas mentes; um jardim com um lago, relva verde e alguns mamíferos de aspecto carinhoso a passear.
A origem da palavra paraíso vem da língua pérsica antiga, significando "jardim luxuriante". Contrariamente, o "selvagem" e o "bravio" eram vistos como o mal supremo. A felicidade era obtida se o Homem conseguisse vencer este mundo "selvagem". Têm então início as tentativas para se começar a controlar os meios abiótico e biótico envolventes. São disso bons exemplos a utilização do fogo, a domesticação de animais e o cultivo da terra. No entanto, esta luta manteve-se desigual por muitos séculos, nunca tendo o bravio espaço para poder ser parte integrante da mitologia paradisíaca, mesmo em civilizações avançadas como a Grega e a Romana. O conceito de belo na natureza estava relacionado com o de muito produtivo ou o de útil para o Homem. As lendas e contos de muitos povos associam o bravio com o sobrenatural e/ou monstruoso; as florestas preenchem-se de muitas criaturas fantásticas que povoam a imaginação das pessoas. Estes comportamentos são comuns em civilizações tão distintas como a grega, a romana, a escandinava e as eslavas.
A criatura que teve indubitavelmente mais impacto foi a do Homem selvagem, criatura humanóide, totalmente coberta de pêlos, que aparece na literatura, arte e drama na época medieval. É uma criatura que vive dentro da floresta, praticando actos abomináveis, sendo o seu aspecto diferente entre os diversos povos que o adoptam nos seus mitos.
A tradição Judaico-Cristã teve uma influência enorme tanto no conceito e percepção actual da Natureza, como na atitude do Homem perante esta. Mas, deste tema e outros relacionados, continuaremos a conversar proximamente.