Biodiversidade - porquê preocuparmo-nos com ela?

Maria Carlos Reis
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A medicina tradicional, que depende de espécies selvagens ou cultivadas, constitui a base dos cuidados médicos primários para mais de 80% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento. Contudo, mesmo nos países mais desenvolvidos, a medicina tradicional está a consquistar partidários, o que promove a importação de plantas com propriedades medicinais, com óbvios efeitos em termos económicos.

Mas apesar de tão alargada popularidade, apenas 2% das 250000 espécies de plantas vasculares descritas foram investigadas quanto à sua composição química. Algumas destas substâncias mostram propriedades realmente inacreditávies, como o taxol, extraído do teixo, que tem sido utilizado no tratamento de tumores ováricos. Outro exemplo impressionante está relacionado com a leucemia. Nos anos 60, esta doença na idade infantil tinha apenas uma em cinco hipóteses de cura. Actualmente, graças a drogas anti-cancerígenas desenvolvidas a partir de um composto descoberto na planta selvagem de pervinca, a taxa de sobrevivência subiu para 80%. 
 
Para além de proteger as nossas fontes de alimentos, a saúde e o ambiente, a biodiversidade providencia uma imensa quantidade de oportunidades recreativas e de valor estético. Nos EUA, em 1991, as actividades recreativas associadas à observação de aves gerou, só por si, mais de 20 milhões de dólares e 250000 postos de trabalho, e a pesca desportiva em água salgada gera 15 biliões de dólares anualmente, mantendo 200000 empregos a tempo inteiro. Os parques naturais são outra fonte de receita e de postos de trabalho. Por exemplo, em 1986, o Quénia recebeu mais de 400 milhões de dóláres com as visitas às suas áreas protegidas. Estas gigantescas receitas reflectem o elevado valor dado à recreação que envolva a biodiversidade.

A poluição da água e da atmosfera não têm fronteiras nacionais. A chuva ácida é um bom exemplo, pois enquanto as emissões industriais que a geram podem ser imputadas a um país, os seus efeitos podem fazer-se sentir em diversos países vizinhos. Talvez a maior ameaça à vida na Terra sejam as alterações globais do clima. O aumento da concentração de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo efeito de estufa, combinado com a depleção da camada de ozono, está a ter efeitos climáticos notórios. As consequências para muitas espécies selvagens e ecossistemas, assim como para as populações humanas, podem ser catastróficas. O aquecimento global pode alterar as aptidões agrícolas dos solos, a resistência das culturas e a inundação das zonas costeiras, entre outros danos. As espécies serão forçadas a migrar, para tentarem manter as suas condições óptimas, mas o ritmo das alterações será demasiado rápido para permitir a adaptação.

 


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