Reserva Natural do Paúl do Boquilobo, uma zona húmida a cuidar no coração de Portugal

Nuno Curado
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Em termos de Mamíferos, o Paúl apresenta 27 espécies distintas, sendo de destacar a presenca de duas espécies ameaçadas, a lontra Lutra lutra e o toirão Mustela putorius. São ainda de destacar a presença de rato-de-Cabrera Microtus cabrerae, do rato-cego Microtus lusitanicus, e do morcego-arborícola-gigante Nyctalus lasiopterus.

A herpetofauna no Paúl é representada por 11 espécies de Répteis e 13 espécies de anfíbios. Os répteis mais abundantes são a cobra-de-água-viperina Natrix maura, a lagartixa-ibérica Podarcis bocagei e a lagartixa-do-mato Psamodromus algirus, destacando-se ainda a presença do cágado-de-carapaça-estriada Emys orbicularis. As espécies mais representativas de anfíbios são a rã-verde Rana perezi, o tritão-marmorado Triturus marmoratus e a salamandra-de-costelas-salientes Pleurodeles waltl sendo de referir ainda a existencia da rela Hyla arbórea e do sapinho-de-verrugas Pelodytes punctatus. A proliferação excessiva do lagostim-do-louisiana (Procambarus clarkii) é dado como um dos problemas ecológicos do Paúl, temendo-se que este crustáceo tenha contribuído para uma diminuição acentuada da comunidade de anfíbios, havendo algumas espécies dadas como praticamente extintas neste local.

O Paúl apresenta igualmente um interesse relevante para a conservação da fauna piscícola, tanto pela ocorrência de dois endemismos lusitanos (ruivaco Rutilus macrolepidopus e boga-portuguesa Chondrostoma lusitanicum), como pelas condições que oferece à reprodução de diversas outras espécies. Além destas, registam-se a presença de outras 14 espécies, sendo as mais frequentes a fataça Liza ramada, a enguia Anguilla anguilla (estas duas de interesse comercial) e o barbo Barbus bocagei.

A Reserva Natural do Paúl do Boquilobo foi classificada em 1980 (Decreto-Lei Nº 198/80 de 24 de Junho) e reclassificada em 1997 (Decreto Regulamentar Nº 49/97 de 20 de Novembro). Anteriormente com uma área de 529 ha, a Reserva teve os seus limites alargados a 23 de Março de 2005 (Decreto Regulamentar nº 2/2005), passando assim a abranger também o concelho de Torres Novas, além do concelho da Golegã. Este alargamento de limites é de grande importância, permitindo a conservação de um conjunto de valores paisagísticos, naturais e patrimoniais existentes no concelho de Torres Novas, a noroeste dos antigos limites.

Este local é o único no País a pertencer à Rede de Reservas da Biosfera, através do Programa MAB - Man and Biosphere - da UNESCO, criado como uma forma de tentar preservar espaços naturais representativos dos principais ecossistemas mundiais. Integrada neste programa em 1981, foi reconhecida a importância da Reserva como zona húmida natural e como local de abrigo para um grande número de aves. Foram também estas as razões que levaram, em 1996, à sua inscrição na Rede de Zonas Húmidas de Importância Internacional da Convenção de Ramsar. A área foi igualmente considerada como Zona de Protecção Especial, ao abrigo da Directiva nº 79/409/CEE, relativa à conservação de aves selvagens e como Important Bird Area pela BirdLife International.


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