Poluentes Orgânicos Persistentes - os 12 mais indesejáveis

Cláudia Fulgêncio
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. Clordano

Este composto é um insecticida de contacto, que tem vindo a ser utilizado em colheitas agrícolas e no combate às térmitas.

Como é rapidamente absorvido através da pele, e provou-se em laboratório que causa lesões no fígado em animais, julgando-se ainda poder causar cancro, o seu uso tem vindo a ser banido em muitos países. Entre os efeitos sobre a saúde, contam-se ainda desordens comportamentais nas crianças, quando a exposição ocorre antes do nascimento ou nos primeiros anos de vida, danos no sistemas endócrino, nervoso e digestivo. A exposição humana pode ocorrer pelo consumo de peixe contaminado, em casas que o utilizaram para combate às térmitas, e através do sangue e do leite da mãe, no caso dos bebés. No ambiente poderá ser encontrado em partículas na coluna de água, sedimentos, solos e atmosfera, podendo ser transportado pela chuva, neve e poeiras.

. DDT

O DDT foi primeiramente preparado em 1874 e veio a constituir, como insecticida, uma importante arma para a redução, a nível mundial, da malária e de outras doenças transmitidas por mosquitos.

Este composto e os seus metabolitos têm vindo a ser detectados nos alimentos, em várias regiões do globo, sendo esta a forma mais corrente de exposição para a população em geral. O DDT já foi também detectado no leite materno, que constitui, igualmente, uma via capaz de provocar graves efeitos nas crianças. Outros efeitos incluem disfunções do sistema imunitário, nervoso e reprodutivo, lesões no fígado, sendo ainda considerado um potencial agente carcinogénico.

É um composto persistente, que pode demorar mais de 15 anos a degradar-se no ambiente, podendo encontrar-se no solo, na água e na atmosfera. Apesar de dezenas de países já o terem banido, ou restringido o seu uso, ficou decidido em Joanesburgo que o DDT vai poder continuar a ser utilizado em países em desenvolvimento, para combater a malária.

. Dieldrina

A dieldrina tem vindo a ser utilizada na agricultura, como forma de controlo de pragas de insectos, nomeadamente, nas culturas de algodão, milho e citrinos.

Os lacticínios, o peixe e a carne constituem vias de entrada deste composto na cadeia alimentar do homem, bem como o leite materno. Os seus efeitos incluem o aumento das taxas de cancro de fígado, a debilitação do sistema imunitário e reprodutor, podendo, ainda, aumentar a mortalidade infantil e causar malformações dos fetos.

. Endrina

A endrina é um insecticida utilizado fundamentalmente em colheitas agrícolas de algodão e grãos.

A alimentação é a maior fonte de exposição a este composto, que aumenta as taxas de cancro de fígado.

. Heptacloro

O heptacloro é um insecticida de contacto, usado primeiramente no combate a insectos e térmitas. Tem vindo a ser utilizado também no controlo de insectos do algodão, gafanhotos e no combate à malária.

A alimentação é principal via de exposição a este composto. Apesar de não existir informação sobre intoxicações no homem, o heptcloro é responsável por sintomas nos animais, que englobam tremores, convulsões e lesões no fígado.

. Mirex

Trata-se de um insecticida com pouca actividade de contacto, que tem vindo a ser utilizado no combate a insectos rastejantes.

Possui um tempo médio de vida superior a 10 anos, sendo apontado como causador provável de cancro em humanos. Outros efeitos incluem lesões no aparelho digestivo, nos olhos, tiróide, sistemas nervoso e reprodutor. O consumo de carne e peixe é a maior fonte de exposição a este composto, referindo-se ainda a inalação e o leite materno como outras formas de entrada no organismo humano.

. Toxafeno

Este composto é um insecticida utilizado nas colheitas de algodão, cereais e vegetais.

A forma principal de exposição para a população é a alimentação. No entanto, a transmissão através do sangue e do leite materno pode provocar graves efeitos nas crianças. Pode ainda causar cancro, danos nos sistemas imunitário e nervoso e nos pulmões.

. Bifenilos policlorados (PCBs)

Os PCBs comportam misturas complexas de bifenilos, com diversos graus de cloração. Existem mais de 200 isómeros que entram em misturas comerciais. Introduzidos no comércio em 1929 pelos EUA, só três décadas depois um investigador sueco se deu conta da sua elevada acumulação nos organismos vivos. Em 1970, intoxicações graves nas fábricas de produção levaram o Japão a suspender o seu fabrico. Apesar disso, em 1977 praticamente todos os países da Europa começaram a produzi-los, comercializando-os sob vários nomes.

As propriedades químicas que os caracterizam facilitam-lhe uma grande aplicação: fluidos dieléctricos, líquidos isolantes, condensadores, transmissores de calor, lubrificantes, plastificantes de tintas, vernizes, colas, lacas, ceras, lâmpadas fluorescentes, papel químico e de imprensa, adjuvantes de pesticidas, entre outros.

De toda esta produção, 20% é destruída por incineração, 10% evapora-se e 55% é abandonada sobre a forma de lixo. Por este motivo, os PCB's encontram-se de forma quase sistemática nas águas continentais e oceânicas e, por conseguinte, nos géneros alimentícios: carne, leite, manteiga, ovos, peixe e derivados destes.

. Hexaclorobenzeno (HCB)

Este composto é um fungicida que foi introduzido na década de 40, para tratamento de sementes. É também um subproduto do fabrico de diversos químicos.

Os efeitos do HCB fazem-se sentir ao nível de lesões na pele, ossos, células sanguíneas, rins, sistema imunitário, nervoso e endócrino, deficiente desenvolvimento dos fetos, cancro e mesmo morte. A exposição ao HCB pode ocorrer durante a gravidez, através do sangue materno, através do leite durante o aleitamento, pelo consumo de carne contaminada e por inalação.

. Dioxinas e furanos

As dioxinas e furanos são involuntariamente originados como sub-produtos, essencialmente em processo de combustão de resíduos. Correspondem a dois grandes grupos de substâncias, com propriedades e estruturas químicas similares, que podem ter um a oito átomos de cloro.

Os efeitos provocados pela exposição humana a estes compostos incluem o cloroacne, alterações do foro psicológico, depressões, hepatites e outros problemas de fígado, e anormal produção de determinadas enzimas. As dioxinas são capazes de provocar cancro e disfunções ao nível imunológico e reprodutivo.

A alimentação é a maior porta de entrada destes compostos na população.

 

Bibliografia

Frutuoso, A., Silva, M. (2001). Poluentes Orgânicos Persistentes. AEP-Ambiente 50: 16-21.

www.epa.gov

www.sativa.pt


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