O Clima e a Vegetação

Nuno Leitão
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As variações climáticas contribuem decisivamente para a definição das comunidades vegetais existentes em cada região, como é o caso das estruturas vegetais da Bacia do Mediterrâneo.

O clima é um dos principais factores determinantes do tipo de vegetação existente num dado local. A maioria das comunidades de plantas estão fortemente associadas às zonas climáticas.


As primeiras tentativas de classificação de zonas de vegetação foram baseadas em parâmetros climáticos, e ainda actualmente numa abordagem aos ecossistemas, incorpora-se o clima como um dos principais componentes da sua classificação. De entre as classificações climáticas usadas na classificação da vegetação, a proposta por Köppen (1923) tem sido a mais utilizada. Köppen, numa abordagem bioclimática, teve em conta as condições do clima necessárias ao crescimento de vários grupos de plantas, e relaciona as variações da vegetação com a temperatura e a precipitação de cada clima.

A sua classificação distingue, a nível Mundial, 5 grandes tipos de clima:

- A - Tropical
- B - Seco
- C - Mesotérmico
- D - Microtérmico
- E - Polar


Por sua vez, cada um destes tipos foi sub-dividido, resultando em sub-unidades de clima mais homogéneas. O nosso Clima Mediterrânico pertence ao tipo C e sub-tipo s (Cs), caracterizado por ter o Verão seco. 
 
Um sistema alternativo, baseado na precipitação efectiva, foi proposto por Thornthwaite (1931), mais tarde substituido por um segundo sistema de classificação baseado na Evapotranspiração Potencial. Este, ao contrário do de Köppen, não utiliza fronteiras da vegetação para definir áreas climáticas. Thornthwaite relacina o solo com a atmosfera, factores que segundo ele determinam o tipo de vegetação duma dada área.

Mais recentemente, Budyko desenvolveu uma classificação com uma abordagem ao balanço de energia, através de um ìndice de aridez para a vegetação, que pode ser relacionado com as zonas de vegetação e o Balanço hidrológico (Rn). Como exemplo, para Rn=60 kcal por centímetro quadrado e por ano, se o índice de Budyko variar entre 0,33 e 1 estamos perante um clima Subtropical. Outros índices definem as zonas climáticas, como o índice de pluviosidade de Lang, ou o índice de aridez de Martonne, ou ainda o índice de Emberger que relaciona as médias da temperaturas máximas do mês mais quente com a média das temperaturas mínimas do mês mais frio.

Estas classificações indicam, de uma forma geral, o potencial das zonas para os vários tipos de vegetação, sendo úteis para planeamento a nível regional. São representadas em mapas, mas muitas vezes para mais detalhada informação utilizam-se diagramas que incluem dados climáticos para um determinado local.

O clima Mediterrânico, é na realidade uma transição entre temperaturas frias e climas tropicais secos, que apenas começou a aparecer no fim do Pleiocénico, ficando depois caracterizado como exemplo único de estação quente e seca alternada por estação fria e húmida, ainda que os invernos sejam mais amenos do que no clima Atlântico. As estações intermédias, a Primavera e o Outono, são os períodos mais importantes para o desenvolvimento da vegetação, alturas onde a água não é demasiadamente escassa ou a temperatura muito baixa.

 
 
Os Diagramas Ombrotérmicos, utilizados para avaliar variações locais, tal como o de Gaussen (1954), que foram adoptados pela UNESCO-FAO, relacionam a precipitação e a temperatura ao longo do ano e têm uma forma única quando representados num local de Clima Mediterrânico. Nestes diagramas, os meses secos equivalem a situações em que as curvas de temperatura são superiores ou iguais às curvas de precipitação, que na nossa região correspondem ao Verão.

As plantas, do Mediterrâneo têm necessariamente de estar bem adaptadas aos verões secos, sendo características as Oliveiras, Azinheiras e os Sobreiros.

Exemplo desta adaptação é o sistema foliar das Oliveiras, assim como de diversos Carvalhos perenes e de arbustos destas regiões, ao manterem as suas folhas durante 2 a 3 anos de forma a reduzir o consumo de água. Mas estas plantas necessitam igualmente de resistir a invernos por vezes rigorosos, de tal forma que muitas apresentam eficazes sistemas de regeneração, por forma a recuperarem em estações mais propícias.

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