Tartaruga-comum: a mascote cabo-verdiana, uma espécie ameaçada

Filipa Serra Gaspar
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A desova

Em 2013, o número de ninhos de tartarugas marinhas em Cabo Verde regrediu. Na ilha de Santa Luzia, a Biosfera I registou entre Junho a Outubro, 509 ninhos de tartaruga Caretta caretta, menos 1097 do que em 2012, ano em que foi atingido um recorde histórico. No entanto, os resultados são encarados com naturalidade: “Ninguém estava à espera que houvesse um boom na actividade de nidificação em 2012, mas é uma flutuação natural que acontece com as tartarugas, mas depois os números voltam a estabilizar”, explica Patrícia Rocha, bióloga na associação.

Fig. 4  - Tartaruga no momento da desova e Fig. 5 - Ninho de tartaruga

 

“Não pensávamos que 2013 atingisse estes números devido à sazonalidade das tartarugas. As que vieram o ano passado já não vêm este ano”, esclarece Sónia Araújo, explicando que as tartarugas nidificam, regra geral, de dois em dois anos, e que são necessários 10 para perceber realmente como a curva de nidificação varia no arquipélago.

A desova ocorre geralmente durante a noite e cerca de 50 dias depois ocorre a eclosão dos ovos. A estratégia é colocar o maior número de tartarugas no mar porque “ali a predação é enorme e nós não podemos monitorizar essa fase ainda”, afirma Patrícia Rocha. “Quantas mais forem para o mar, maior é a probabilidade de uma delas chegar à idade adulta”, esclarece.

Fig. 6 - Tartaruga recém-eclodida e Fig. 7 - Juvenis de tartaruga a caminho do mar

 

Dos milhares de tartarugas que todos os anos se arriscam no Oceano Atlântico para começar uma nova jornada, apenas algumas conseguem fugir dos predadores e sobreviver até à idade adulta. As que lá chegam, irão voltar às origens para fazer o seu ninho, porque mesmo migratórias, a garantia é que as tartarugas voltam sempre à praia onde nasceram para fazer a desova.

 

 

Esta reportagem só foi possível graças ao programa de formação jornalística Beyond Your World.

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