Bacteriófagos como alternativa a antibióticos: esquecidos ou simplesmente ineficazes?

Carlos Silva Pereira
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- A sua produção é económica e não exige recurso a tecnologias muito avançadas, resultando por isso num produto final muito acessível.

Além das já referidas aplicações directas na medicina, existem muitas outras como por exemplo na medicina veterinária, na agricultura, etc.
Porque será então o interesse da comunidade científica tão reduzido em relação a esta matéria?

Para tentar compreender este fenómeno talvez uma breve perspectiva histórica ajude. O interesse a nível terapêutico surgiu talvez na década de 20, apesar de já antes se saber da existência destes agentes destruidores de bactérias. No entanto, a algo desastrada maneira como estas investigações foram levadas a cabo, bem como o grande desenvolvimento dos antibióticos nos anos 40, levaram ao adormecimento e parcial esquecimento da terapia fágica. E parcial apenas porque na ex-União Soviética, mais concretamente na Georgia, o centro mundial para a investigação nesta área, o Tbilisi Institute for Bacteriophague exercia já uma intensa actividade, aproveitando o financiamento que vinha de Moscovo. 
 
Com o advento da Guerra Fria, a Cortina de Ferro estendeu-se também à comunidade científica, tornando-se uma barreira à tão necessária troca e discussão de conhecimentos e informação. No ocidente era crescente essa troca de informação através de jornais e revistas científicas de língua inglesa, enquanto que os cientistas da União Soviética e outros países circundantes publicavam os artigos nas suas próprias línguas e, forçosamente e não por vontade própria, apenas para "consumo interno". Ainda hoje, e apesar das antigas e inultrapassáveis barreiras já não existirem, por razões culturais e políticas, a livre troca de informação entre estes cientistas e os do mundo ocidental ainda não se verifica nos termos ideais, mas para lá se caminha. Actualmente já nasceram alguns focos de interesse em membros da comunidade científica de países ocidentais, como os Estados Unidos.

Esta terapia não se propõe a substituir totalmente o uso de antibióticos químicos, mas sim a constituir nuns casos uma alternativa ao seu uso e noutros até, um complemento.

A sensação que fica ao analisar todo o caminho percorrido até agora, é que muito ainda está por dizer e comprovar e, como tal, vale a pena dispender mais esforços para validar ou não cientificamente esta terapia.

Sites consultados:

Tbilisi Institute for Bacteriophague: www.geocities.com/HotSprings/Spa/5386/

The Bacteriophage Ecology Group: www.phague.org

Bibliografia:

T. Madigan, Michael; M. Martinko, John; Parker, Jack; Brock´s Biology of Microorganisms. 8th ed., Prentice Hall.

Lorch, A. (1999). Bacteriophagues: An alternative to antibiotics?. Biotechnology and Development Monitor. 39: 14-17.

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