Alterações antropogénicas do ciclo do azoto

Maria Carlos Reis
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Antes do Homem intervir no ciclo natural do azoto, este elemento encontrava-se escassamente disponível para o mundo biológico. No último século as actividades humanas aceleraram a sua taxa de fixação, alterando toda a dinâmica deste ciclo.

O azoto é um componente essencial à vida, participando na constituição das proteínas, do ADN (Ácido Desoxirribonucleico), do ARN (Ácido Ribonucleico), da clorofila e de outras importantes moléculas orgânicas, representando o quarto elemento mais abundante nos tecidos vivos.

Apesar do azoto (N2) ser o elemento predominante da atmosfera terrestre (cerca de 78%), a maioria dos seres vivos não possui a capacidade de utilizá-lo directamente nesta forma, tal como fazem com o oxigénio e o dióxido de carbono. Em vez disso, eles esperam que o azoto seja fixado, i.e., “puxado” da atmosfera e ligado a oxigénio e hidrogénio por determinados microorganismos (bactérias, fungos e cianofíceas), muitas vezes associados simbioticamente às plantas, formando compostos que elas podem usar nas suas sínteses fotossintéticas, sendo, assim, disponibilizado a todos os níveis tróficos das cadeias alimentares. Outro processo de disponibilização do azoto para o mundo biológico corresponde a reacções de simplificação da matéria orgânica resultante dos cadáveres dos seres vivos e dos seus excrementos, protagonizadas por microorganismos, uma vez que estas moléculas são demasiado complexas para serem directamente utilizada pelas plantas. Estas são algumas fases do ciclo do azoto, ou seja, do mecanismo que assegura a reciclagem do azoto na biosfera.

Antes do Homem intervir no ciclo natural do azoto, este elemento estava escassamente disponível para o mundo biológico, funcionando como um factor limitante, que controlava a dinâmica, biodiversidade e funcionamento de muitos ecossistemas. Durante o último século, as actividades humanas aceleraram a taxa de fixação do azoto nos solos, duplicando a transferência anual de azoto da fonte inesgotável, mas inacessível, que é a atmosfera, para formas biológicas acessíveis, de grande mobilidade.

Fontes de alterações do ciclo do azoto

Fertilizantes azotados

A fixação industrial de azoto na forma de fertilizantes teve início na Alemanha, durante a I Guerra Mundial. A sua produção cresceu exponencialmente deste 1940, mas nas duas últimas décadas este aumento foi fenomenal. Por exemplo, a quantidade de fertilizantes aplicados na agricultura entre 1980 e 1990 igualou a quantidade utilizada deste o início da sua produção. O problema da aplicação dos fertilizantes é que cerca de metade das quantidades utilizadas não chega a contribuir para a construção de novos tecidos nas plantas, pois é perdido por evaporação, escorrência ou infiltração, deixando de estar disponível.

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