De onde viemos?

Cristina Pereira
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Uma das teorias correntes da evolução humana, defende que somos todos filhos da mesma mãe, um antepassado africano com mais de 100 mil anos. Curioso? Venha descobrir mais sobre o seu passado, neste artigo sobre as origens do Homem moderno.

Actualmente, duas teorias antagónicas explicam a origem do homem moderno: a Teoria da Eva Negra e a Teoria Multi-regional.

A Teoria da Eva Negra (ou “Out of Africa”) foi enunciada no final dos anos 80, pela equipa de Allan Wilson e Mark Stoneking. Segundo esta teoria, todos os seres humanos partilham um antepassado africano comum – uma mulher – à qual se deu o nome de Eva. Esta teoria admite duas saídas do continente africano para povoar o resto da Terra. A primeira, há 2 milhões de anos, pelo Homo erectus, que entretanto se extinguiu. A segunda, do homem moderno (Homo sapiens), entre 200 mil a 100 mil anos atrás, para diferentes zonas do planeta. Aí chegado teria substituído a população existente devido, talvez, a alguma vantagem evolutiva. Esta teoria tem conquistado o maior número de adeptos entre a comunidade científica, não só devido à grande homogeneidade genética entre as diferentes populações mundiais, mas também por a África Oriental ser o local com maior diversidade genética humana. 
 
No entanto, neste início de ano têm sido publicados trabalhos que parecem tornar mais forte a teoria Multi-regional. Esta propõe que o homem moderno tenha evoluído gradualmente, em diversas regiões do Globo, a partir do Homo erectus, que teria deixado África há 2 milhões de anos. Assim, hominídeos considerados de espécies diferentes poderão ter-se cruzado e produzido descendência fértil, até se chegar ao homem moderno.

Neste ponto, convém fazer uma paragem nesta “história”, para esclarecer alguns dos mais comuns mecanismos genéticos que interferem na evolução humana.

Os seres vivos transmitem as suas características à geração seguinte através dos cromossomas, veículo através do qual a informação genética se processa. Na espécie humana existem 23 pares de cromossomas, localizados no núcleo de cada célula, à excepção das células sexuais que possuem apenas 23 cromossomas. Aquando da união do óvulo com o espermatozóide, forma-se com ovo com os normais 23 pares de cromossomas, sendo que, em cada par, um é proveniente da mãe e outro pai. Deste modo, nesta nova célula irá estar presente a informação dos dois progenitores, para além de nova informação, resultante da recombinação genética (troca de informação) que ocorre entre os cromossomas do mesmo par. Na espécie humana, embora todos os cromossomas sejam idênticos nos dois sexos, existe um cromossoma Y no homem, que não se encontra na mulher, e que determina o sexo.

Cada cromossoma é constituído por genes, unidades de ADN (Ácido Desoxirribonucleico), que comandam a expressão de determinada proteína, que pode inibir ou activar um determinado comportamento nas células. O ADN é formado por quatro compostos azotados – Adenina, Guanina, Citosina e Tiamina, que se arranjam nos mais diversos modos, formando sequências únicas em cada indivíduo.

Para além do ADN que existe no núcleo, podemos encontrar ADN em pequenos organelos da célula, nomeadamente nas mitocôndrias - o ADN mitocondrial (ADNmt). Este ADN só é transmitido pela parte materna, pois além das mitocôndrias se encontrarem em reduzido número nos espermatozóides, mesmo essas não persistem na descendência. Desta forma, o ADN mitocondrial não sofre recombinação genética e as suas mutações (que ocorrem a uma taxa superior à do AND nuclear) podem ser seguidas ao longo de gerações.

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