Efeito Cascata na perda de Biodiversidade

Nuno Leitão
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Certas espécies desempenham um papel fulcral nos ecossistemas, e mesmo que se discuta que não têm mais valor do que outras, a perda de uma delas leva à perda de outras, criando um efeito cascata na perda de biodiversidade.

A manutenção da biodiversidade local implica muitas vezes a manutenção do próprio ecossistema, razão pela qual as medidas de conservação e exploração dos recursos naturais têm que a promover, em prol do equilíbrio e sustentabilidade dos sistemas ecológicos.

A perda de determinadas espécies pode ter diversos efeitos nas espécies que persistem no ecossistema. O número de espécies que irá ser influenciado pelo desaparecimento de outras, e a forma como esses efeitos irão ocorrer, depende das características do ecossistema e do papel das espécies na sua estrutura.

Um “Efeito Cascata” ocorre quando uma extinção local de uma espécie altera significativamente as dimensões das populações de outras espécies, o que potencialmente pode levar à perda de mais espécies.

Este efeito é particularmente evidente nos casos em que a espécie desaparecida é um “Predador Chave”, um “Mutualista Chave” ou uma Presa de um predador especialista.

Perda de um “Predador Chave”

A perda de um predador num ecossistema vai afectar o tamanho de uma determinada população de presas, embora a extensão e a forma como os efeitos se vão fazer sentir dependa de quanto esse predador limitava a população de que se alimentava. 

O tamanho da população de presas pode ser controlado por outros factores para além da predação (é o chamado control-Donor, modelo que descreve as situações em que os predadores não afectam as populações de presas), e neste caso a perda do predador do ecossistema não será significativo para as espécies predadas. Os factores limitantes do efectivo populacional de uma presa poderão ser agentes como o alimento, o espaço, a competição intra ou inter-específica, entre outros, pelo que a ausência de predador poderá nunca vir a ser evidente.

Num sistema onde o número de presas é controlado pelos predadores (interacções positivas/negativas entre a presa e o predador, descrito no modelo de Lotka-Volterra), o impacto da perda da espécie predadora poderá ser significativo, especialmente se a posição desta na cadeia trófica for relativamente elevada.

Os chamados “Predadores Chave” afectam não só o tamanho da população de presas, mas também a diversidade de espécies da comunidade. Ao limitarem, quando presentes, a população de determinada espécie, os “Predadores Chave” permitem a existência de uma elevada diversidade específica. Uma determinada presa que seja a preferencial de um determinado predador, na ausência deste (ou seja, na ausência do factor limitante), pode ter uma explosão demográfica e passar a dominar os recursos do ecossistema, em detrimento de outras espécies (com outros factores limitantes), por processos de competição inter-específica, que se traduzem, muitas vezes, por uma competição exclusiva.

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