Desde o início do séc. XIX que as técnicas para produzir materiais que imitam pedras preciosas sofreram um desenvolvimento impressionante. Descubra como as inclusões podem informar sobre a origem dos materiais que as contêm.
A identificação de pedras preciosas baseia-se, obviamente, em técnicas não destrutivas, tais como medições precisas das suas propriedades ópticas e físicas. Antes da introdução dos sintéticos (1) no mercado, estas técnicas eram suficientes para uma correcta identificação das gemas.
As inclusões (2) encontradas nos materiais produzidos pelo homem são muitas vezes diferentes das inclusões encontradas nos materiais com origem natural. Deste modo adquirem uma importância acrescida para os gemólogos, para além do interesse científico, pela possibilidade de constituírem prova da natureza das pedras preciosas.
As inclusões, que podem ser sólidas, gasosas ou líquidas, fornecem informação sobre o tipo de ambiente termodinâmico que assiste ao crescimento dos materiais gemológicos; estão relacionadas com as condições físicas e químicas, bem como com o tipo de composição do ambiente envolvente. Quando presentes numa gema podem ser indesejáveis, diminuindo-lhe o valor comercial ou, muito pelo contrário, apreciadas e contribuírem para a sua valorização. Formam-se antes, durante ou depois do mineral hospedeiro estar formado.
Inclusões que se formam antes do mineral que as contém
Durante o processo de cristalização a partir de uma matéria fundida (magma), podem formar-se minerais, numa primeira fase, e serem depois “envolvidos” pelo crescimento dos minerais que se formam nas fases posteriores da sequência de cristalização. Desta forma, os primeiros minerais formados ficam incluídos em minerais que se formaram posteriormente.
Também as inclusões podem ser formadas e incluídas no mineral hospedeiro durante processos de metamorfismo (3) que vão dar origem a uma determinada gema. Este tipo de inclusões é sempre sólido, podendo assumir formas cristalinas bem definidas (como a pirite dentro de esmeraldas e diamantes dentro de diamantes), ou arredondadas (como a apatite e a calcite dentro de rubis da região de Mogok em Myanmar).
Inclusões que se formam ao mesmo tempo que o mineral que as contém
Durante as fases finais da formação de minerais a partir do magma podem ocorrer fracturas, onde ficam aprisionados líquidos, gases e minerais, constituindo inclusões bifásicas (líquido + gás), ou trifásicas (líquido + gás + sólido). Também variações químicas no ambiente envolvente na altura do crescimento podem provocar zonamentos no interior do mineral, que se traduzem por diferenças de cor.