O Lado Desconhecido dos Telemóveis

Nuno Quental
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Usar um telemóvel tornou-se um acto irreflectido, quase automático. Porém, a sua utilização pode comportar riscos não negligenciáveis para a saúde. Para quem precisa mesmo deles, encontre aqui formas de se proteger da radiação que emitem.

Usar um telemóvel tornou-se num acto perfeitamente banal para a maioria dos portugueses. Portugal é dos países do mundo com maior taxa de penetração do serviço móvel terrestre, tendo atingindo, no final do segundo trimestre de 2002, cerca de 78% (contra uma média de 76% para a União Europeia). O crescimento tem sido muito rápido, sobretudo desde o aparecimento do Sistema Global para Comunicações Móveis (entre nós mais conhecido por “GMS”) – em 1998 aquela taxa não ultrapassava os 32%.


Contudo, por trás do gesto imediato e irreflectido de pegar num telemóvel para fazer uma chamada, escondem-se riscos que são desconhecidos pela maioria dos utilizadores. Até que ponto a generalização dos telefones celulares respeita o já consagrado (embora pouco aplicado) princípio da precaução? 
 
Os princípios físicos


Falar de telemóveis e dos riscos associados sem falar, ainda que de forma geral, sobre os princípios físicos que lhe estão subjacentes, seria um tanto redutor. Por isso será feita uma breve explicação sobre o modo como funcionam.


Para comunicar, a informação é enviada através de ondas electromagnéticas. Estas ondas propagam-se no espaço tal como as pequenas ondinhas se propagam pela água quando lhe atiramos com uma pedra. A diferença é que, em vez de falarmos em água e na sua altura (as ondas sobem e descem), falamos em intensidade de campos eléctrico e magnético. A ondulação pode ser muito rápida ou mais lenta. A esta propriedade chama-se frequência. A luz solar, por exemplo, é composta por um largo espectro de radiação electromagnética. Da interacção da luz com os objectos cria-se o efeito da cor, que mais não é do que radiação electromagnética de uma determinada frequência e comprimento de onda. O sistema GSM funciona nas frequências de 900 e 1800 MHz, o que significa que há 900 000 000 ou 1800 000 000 ciclos “ondulatórios” por segundo, a que correspondem comprimentos de onda (a distância entre duas cristas) de cerca de 30 e 15 cm, respectivamente. O comprimento de onda da luz visível é cerca de 1000 000 menor, situando-se entre os 400 e os 700 nm.


A radiação que é usada nos telemóveis encontra-se na banda das microondas e não possui energia suficiente para provocar a ionização de átomos (ou seja, não os consegue modificar), ao contrário do que acontece com os raios ultravioleta, dos raios X e de outros. Por este motivo é denominada “radiação não-ionizante”. Contudo, tal não significa que esteja isenta de riscos.

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