A Bioremediação de Solos Contaminados

Nuno Quental
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A contaminação de solos e águas é uma realidade que urge combater. A Bioremediação oferece um conjunto de tecnologias para tal, que em comum têm a utilização de seres vivos para a degradação dos poluentes, mantendo em equilíbrio os ecossistemas.

O desenvolvimento industrial trouxe uma vida melhor para muitas famílias mas, como em tudo, existe sempre o reverso da medalha. O esteiro da Ria de Aveiro, situado em Estarreja, recebeu durante cinquenta anos efluentes e todo o tipo de resíduos provenientes do seu famoso complexo químico industrial. A irresponsabilidade dos empresários, a falta de soluções de tratamento e deposição e o alheamento governamental relativamente à gestão sustentada dos resíduos explica como pôde a situação chegar ao ponto em que se encontra: os solos estão altamente contaminados, inclusivamente com vários metais pesados, contaminação essa que é lixiviada e acaba por desaguar na Ria de Aveiro. Convém lembrar que a Ria é habitat para inúmeras espécies de aves, das quais são de destacar as aves migratórias, que aproveitam a passagem para descansar e se alimentar.

A urgência de resolução do problema criado induziu a procura de métodos de recuperação ambiental. Actualmente, a “bioremediação” é objecto de estudo de dois doutorandos da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (ESB). Esta técnica tem merecido uma grande atenção nos últimos anos, devido às potencialidades que encerra. Em traços gerais, a bioremediação faz uso de seres vivos (normalmente bactérias ou fungos) para promover a degradação de poluentes. Uma variante da bioremediação é a fitoremediação, onde são usadas plantas superiores. Na ESB ambas as técnicas estão a ser investigadas.

A bioremediação permite a despoluição in situ, ou seja, no próprio local, evitando os normalmente incomportáveis custos de remoção e posterior tratamento de solo contaminado (tal como aconteceu com os solos da Expo 98, que foram depositados em aterro). Por outro lado, o tempo necessário para se atingir uma determinada degradação dos poluentes (90%, por exemplo) é normalmente superior à que seria alcançada num reactor próprio, pois o inóculo (os microrganismos que se pretende fazer reproduzir) pode usufruir das condições ideais para o seu crescimento.

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