Pode a Agricultura Biológica Alimentar o Mundo?

Angeles Parra, Secretária-Geral da VIDA SANA
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Apesar do seu crescimento, os investigadores ligados à Agricultura Biológica indicam que é possível alimentar a população mundial prevista em 2020 sem recorrer aos agroquímicos nem às manipulações genéticas.

 

O facto é que, hoje, 800 milhões de pessoas estão subnutridas e muitas morrem apesar da chamada "Revolução Verde" e da tremenda utilização de agroquímicos nestes últimos 40 anos. As indústrias químicas e outras - maquinaria, construção, indústria petrolífera - que tanto enriqueceram durante este período, asseguraram-nos que os adubos, pesticidas e outros produtos fitossanitários acabariam com a fome mundial. Não há muito tempo que Henry Kissinger ainda prometia acabar com este flagelo em 10 anos.


O problema da fome não se resolve com receitas tecnológicas. Até o próprio Banco Mundial, que deu um grande impulso à "Revolução Verde", reconhece que o problema é de partilha, de acesso à terra e às sementes, e não de escassez. Mas a verdadeira causa da fome é que há muitas pessoas que não têm onde produzir os seus alimentos, nem têm dinheiro para comprá-los. Na realidade, a produção de alimentos a nível mundial é superior às necessidades e para bastantes países o problema é de superprodução. Todos os anos são queimadas ou enterradas milhões de toneladas de frutas, hortaliças, cereais e outros alimentos por questões de especulação de mercado (entre outros motivos, pois custa mais caro armazená-los ou transportá-los).

Um movimento cívico


Por todo o mundo, somos muitos os que trabalham para que chegue o dia em que a extensão da Agricultura Biológica faça dos pesticidas e dos fertilizantes de síntese uma coisa do passado.


Nos anos sessenta e setenta, os agricultores biológicos eram tidos como loucos ou, pelo menos, como sonhadores. Mas, hoje, muitos sonhos tornaram-se realidade. O desenvolvimento da Agricultura Biológica é um triunfo das pessoas comuns. É uma prova de que não são só os grandes industriais e os governos a mudar as coisas impor-tantes. Sem campanhas publicitárias, sem subvenções nem apoios, contra a opinião da maioria dos especialistas e dos funcionários, e apesar dos abusos do grande negócio agro-alimentar, a Agricultura Biológica teve de ser reconhecida a todos os níveis, desde o plano sanitário ao energético. Este é o poder dos cidadãos enquanto consumidores, e é possível graças à lógica evidente da proposta biológica.

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