A Lampreia-marinha possui duas formas de vida distintas. Enquanto larva vive nos rios, consumindo microalgas e detritos. Após vários anos, e uma profunda metamorfose, ela dirige-se ao mar, onde se alimenta do sangue de diversos animais.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
A Lampreia-marinha (Petromyzon marinus, Linnaeus 1758) - membro primitivo da classe dos ciclóstomos – é um vertebrado aquático semelhante aos peixes; no entanto não possui mandíbulas. O corpo é serpentiforme, com a cabeça pouco diferenciada. A boca, que funciona como uma ventosa, é de forma circular e encontra-se coberta de dentes cónicos. De cada lado do corpo, por detrás da cabeça, apresenta sete aberturas branquiais, e possui duas barbatanas dorsais na metade posterior do corpo. A pele é lisa e não possui escamas. As formas larvares de lampreia designam-se por amocetas e são muito distintas do adulto: os olhos são rudimentares e estão cobertos pela pele e a boca, sem dentes, apresenta a forma de uma ferradura. O adulto pode atingir entre 770 mm e 830 mm de comprimento e pesar entre 900 g e 1100 g, e pode viver até aos 18 anos.
DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA
A Lampreia-marinha é um migrador anádromo, o que significa que a sua vida adulta decorre no mar, subindo os rios para se reproduzir. A sua distribuição no Oceano Atlântico estende-se desde a América do Norte até ao Sul da Europa, ocorrendo ainda no Leste do Mar Mediterrâneo.
Na Europa a área de distribuição geográfica desta espécie tem regredido, sendo, no entanto, ainda comum nos rios de Portugal e França, onde a sua exploração tem uma forte tradição, especialmente na região Norte de Portugal e Sudoeste da França.
A lampreia marinha foi introduzida nos Grandes Lagos da América do Norte e Canadá, onde estabeleceu populações que constituem uma verdadeira ameaça para as espécies piscícolas comerciais da região.
CICLO DE VIDA
A larva da lampreia é relativamente sedentária, passando a maior parte do tempo enterrada nos rios, nas zonas de vasa pouco profundas. Ao fim de um período que pode ir de 5 a 11 anos deixa de se alimentar e sofre uma metamorfose, transformando-se num indivíduo juvenil, cuja morfologia externa se aproxima à do animal adulto. Durante os meses seguintes o juvenil emerge do substrato e migra para jusante até ao mar, onde se desenvolve até à forma adulta. Quando atinge a maturidade, o adulto de lampreia deixa de se alimentar e inicia a migração para os rios, onde constrói ninhos, reproduz-se e morre, cerca de uma a duas semanas mais tarde.