Ficha do Sardão

Maria João Cruz e Rui Braz
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O Sardão, o maior lagarto da Península Ibérica, é um habitante carismático de grande parte dos habitats terrestres do nosso País. Mais comum em meios mediterrânicos, tem sofrido um declínio que urge deter. Conheça as suas características e ecologia.

 

 

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Sardão (Lacerta lepida) é o maior lagarto da Península Ibérica, podendo alcançar 80 cm de comprimento total. De aspecto robusto, possui uma cabeça proeminente, membros fortes e cauda muito comprida.

O dorso é verde e amarelado, com manchas escuras. Nos flancos apresenta 3 ou 4 filas de manchas azuis (ocelos) por vezes rodeadas de preto. A cauda tem a mesma coloração do corpo excepto quando se trata de uma cauda regenerada (estes lagartos podem soltar a cauda se se sentirem ameaçados, após o que a cauda volta a crescer, regenerando-se). O ventre é esbranquiçado ou amarelado.

Os machos distinguem-se das fêmeas por possuírem uma cabeça consideravelmente mais larga e por terem o início da cauda mais largo.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Encontra-se na Península Ibérica, no sul de França, e no noroeste de Itália.
Devido à perseguição a que tem sido sujeito, é apenas abundante nalgumas zonas isoladas. Nas zonas mais áridas e nalgumas regiões do norte de Portugal tornou-se uma espécie rara.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Esta espécie faz parte do Anexo II da Convenção de Berna. Em Portugal o seu estatuto é não ameaçado (NT).


FACTORES DE AMEAÇA

A perseguição directa pelo homem constitui a principal causa do declínio que se tem observado para esta espécie. Também sofrem uma elevada taxa de mortalidade por atropelamento já que estes lagartos utilizam com frequência as estradas por serem locais com boa exposição solar.


HABITAT

Aparece tanto ao nível do mar como em regiões de montanha. Ocupa principalmente zonas de mato mediterrânico com áreas abertas. Aparece também na periferia das cidades e em terras de cultivo. Prefere locais com abundância de abrigos (acumulações de pedras, muros, arbustos espessos) e com boa exposição solar, evitando locais húmidos e sombrios como as matas demasiado densas.

ALIMENTAÇÃO

Consome sobretudo insectos (perfazem cerca de 70% da sua dieta). Porém também se alimenta de caracóis, lesmas, lagartixas, cobras de água e outros répteis, pequenos mamíferos, ovos e crias de aves, frutas e restos vegetais. Os adultos também podem predar juvenis da sua espécie.


INIMIGOS NATURAIS

Entre os seus inimigos naturais incluem-se algumas cobras, várias rapinas (falcões, açores, milhafres e águias),outras aves como a cegonha e a garça comum, e mamíferos como o saca-rabos, o toirão, a fuinha e o lince.

REPRODUÇÃO

Quando uma fêmea entra no território de um macho, este persegue-a, mordiscando-a na parte traseira do corpo. Depois bloqueia-a para evitar ser mordido e dá-se a cópula. A gestação dura entre 71 e 102 dias, a fêmea deposita entre 5 e 22 ovos debaixo de pedras ou troncos, pode também enterrá-los sob terra solta. A incubação leva entre 2 a 3 meses. Nesta espécie, a maturidade sexual é atingida aos 3 anos e a longevidade máxima é de 20 anos.


MOVIMENTOS

Os machos são territoriais, expulsando os competidores violentamente, perseguindo-os e mesmo mordendo-os. As fêmeas podem visitar os territórios de vários machos.


ACTIVIDADE

O período de hibernação pode iniciar-se em Outubro ou Novembro e durar até Fevereiro ou Março. Durante os meses de Verão permanecem inactivos nas horas de maior calor, apresentando dois picos de actividade, um de manhã e outro ao fim do dia.

CURIOSIDADES

Em algumas zonas os sardões são utilizados para fazer um "licor de lagarto". Também é muito apreciado como iguaria.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

São facilmente observáveis em locais com boa insolação, tais como estradas, muros, montes de pedras ou troncos de árvores. Contudo, assim que vêem algum movimento fogem o que torna difícil observá-los a curta distância.

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