Ficha da Lontra

Miguel Monteiro
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Possuindo uma vasta área de distribuição, a Lontra é um dos mais belos, interessantes e ameaçados mamíferos da fauna Europeia. A população Portuguesa desta espécie é, ainda, uma das mais saudáveis do continente.

 

 

 

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A Lontra Lutra lutra é um carnívoro pertencente à família Mustelidae e à subfamília Lutrinae. No geral, apresenta as características típicas dos mustelídeos, com algumas particularidades resultantes do seu modo de vida semi-aquático. Assim, o corpo é fusiforme, com membros curtos e uma cauda longa (de comprimento superior a mais de metade do tamanho do corpo). O pescoço, embora largo, é reduzido, a cabeça é achatada e larga e tem umas orelhas pequenas. Os olhos são pequenos e encontram-se deslocados para a parte superior da cabeça. A pelagem é castanha-escura sendo progressivamente mais clara ao atingir a região ventral.

Como principais adaptações à vida aquática, a lontra apresenta fossas nasais valvulares que se fecham quando submerge, o mesmo acontecendo com as orelhas. O cristalino sofre uma distorção que permite uma visão perfeita debaixo de água. Para ajudar à captura das presas, o focinho possui vibrissas sensitivas. As patas são palmadas, as garras são pequenas e não rectrácteis, estando os cinco dedos unidos por uma membrana interdigital. As lontras têm o mesmo peso molhadas ou secas. Tal facto deve-se à eficaz protecção das duas camadas de pêlos. A primeira, interna, é impermeável e densa, com pêlos de 10 a 15 mm que retêm bolhas de ar funcionando como isolamento térmico. A segunda, externa, tem pêlos que podem alcançar os 25 mm sendo também impermeável. A cauda, muito musculada, é achatada dorsoventralmente na região intermédia e afunilada na extremidade. É útil na deslocação dentro de água funcionando como leme.


DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Encontra-se desde a costa ocidental da Irlanda e de Portugal até ao Japão, e desde as zonas árcticas da Finlândia até à Indonésia e às zonas sub-saharianas da África do Norte. No entanto, Portugal é quase um caso isolado na distribuição e abundância da Lontra pois apresenta uma população regularmente distribuida pelo território e numa situação de relativa abundância, sendo das poucas populações viáveis. Principalmente nos países industrializados da Europa Ocidental, tem-se verificado um decréscimo acentuado das populações de Lontra. A espécie chegou a estar extinta em países como a Holanda, Suiça, Luxemburgo e, ao que consta, na Bélgica. Embora as informações sejam mais escassas, sabe-se que tem havido um forte declínio na Escandinávia e na Europa de Leste.


Figura de Luís Pignatelli

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Está inserida na Lista dos Mamíferos Raros e Ameaçados do Conselho da Europa, no Anexo II da Convenção de Berna e no Anexo I da Convenção de CITES. A UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e o Livro Vermelho dos Vertebrados de Espanha (ICONA) consideram-na uma espécie Vulnerável. Em Portugal, o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal atribui-lhe o estatuto de Insuficientemente Conhecida.

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