Ficha do lobo

Virgínia Pimenta
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O lobo, o maior de todos os canídeos selvagens, é um símbolo da natureza bravia que já deambulou por todo o Hemisfério Norte. Hoje, Portugal é um dos poucos países da Europa Ocidental onde ainda existe.

DESCRIÇÃO GERAL

O lobo (Canis lupus) é um carnívoro de grande porte, sendo o maior canídeo selvagem que existe na actualidade. Embora faça lembrar, na aparência, um cão pastor alemão é na realidade mais magro, com o peito mais estreito, os membros mais compridos e as almofadas das patas mais desenvolvidas. A região anterior do corpo é bem desenvolvida e a região lombar é forte, arredondada e ligeiramente encurvada. As patas dianteiras são ligeiramente maiores do que as patas posteriores. A cauda é espessa e está quase sempre caída, entre os membros posteriores quando o animal se desloca. A cabeça é volumosa e alongada, de aspecto maciço e o focinho largo. As orelhas são triangulares, rígidas e relativamente curtas. Os olhos apresentam cor clara, castanho amarelada e inserem-se de forma oblíqua em relação ao focinho.

O lobo apresenta grandes variações de tamanho e de coloração ao longo da sua vasta área de distribuição geográfica. Na Península Ibérica o peso médio dos machos ronda os 35 kg, havendo, no entanto, animais que por vezes ultrapassam os 40 kg. As fêmeas são um pouco mais leves com um peso médio próximo dos 30 kg. O comprimento dos machos varia entre 131 e 178 cm e nas fêmeas entre 132 e 165 cm. A altura ao garrote situa-se entre os 65 e os 80 cm. O lobo apresenta uma pelagem de Inverno bastante mais densa e longa que a pelagem de Verão. Na sub-espécie ibérica, a pelagem é de coloração geral acinzentada, com a zona dorsal castanho amarelada, mesclada de negro, particularmente sobre o dorso. A zona ventral é clara, de tom, em geral, branco amarelado. O branco da garganta estende-se para as faces. A cauda é acinzentada com a ponta negra e tem ainda uma pequena mancha dorsal negra no seu terço superior. Os membros dianteiros apresentam, na parte da frente, uma faixa longitudinal negra. A abundância de tons avermelhados e/ou amarelados é uma das principais diferenças entre esta e as outras subespécies. Os lobos parecem depender sobretudo do olfacto e da audição, mas têm também uma visão relativamente boa. A longevidade potencial é de 16/17 anos, embora um lobo com 10 anos seja já considerado um animal velho.


Figura por Luís Pignatelli

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

O lobo habitava originalmente quase toda a região Holárctica, acima dos 20º de Latitude Norte. Assim, todos os habitats existentes no Hemisfério Norte, à excepção das florestas tropicais e dos desertos áridos já foram habitados por este carnívoro, o que revela a sua grande capacidade de adaptação. No entanto, a área de distribuição deste predador encontra-se, actualmente, bastante reduzida e fragmentada, como consequência da destruição do seu habitat, da redução do número de ungulados selvagens e da perseguição sistemática que lhe tem sido movida pelo Homem. No entanto, ao longo da última década, tem-se assistido a uma recuperação evidente desta espécie em grande parte da sua área de distribuição europeia. Esta expansão das populações de lobo parece estar associada à protecção legal e ao aumento progressivo das populações de ungulados selvagens, sobretudo de corço e de javali, possivelmente resultante da diminuição da pressão cinegética (ainda que nalguns casos o incremento dos ungulados resulte precisamente de opções de gestão cinegética) e do êxodo rural que se tem verificado nas últimas décadas.

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