Ficha do Esquilo-vermelho

Miguel Monteiro
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O Esquilo-vermelho é o único roedor arborícola com hábitos diurnos na nossa fauna. Possui uma agilidade incrível, que lhe permite dar grandes saltos nas copas das árvores, e a sua cauda felpuda torna-o inconfundível.

 

 

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Esquilo-vermelho, Sciurus vulgaris, é um mamífero de pequeno porte, da ordem Rodentia e da família Sciuridae. O comprimento do corpo é de 18-24 cm e a cauda mede cerca de 17 cm. Os juvenis pesam 100-150 g, podendo os adultos atingir as 450 g.

O nome comum é um pouco enganador, pois os indivíduos desta espécie podem apresentar pelagens de cores diferentes, desde o vermelho vivo ao preto, passando por toda uma gama de cinzentos e castanhos. Há uma certa relação da cor com a temperatura e a humidade: o vermelho-arruivado está associado a áreas quentes e secas (e.g. florestas de folha caduca) e as cores mais escuras a zonas frescas e húmidas (florestas de compostas e de coníferas). O ventre, mais claro, é geralmente branco. Os olhos e as orelhas são grandes, tendo estas na extremidade um tufo de pêlos, que atinge maiores dimensões no Inverno e que desaparece com a chegada do Verão. A cauda é comprida e bastante peluda, servindo de “cobertor” nos períodos mais frios e é importante ao nível do equilíbrio. Os fortes dedos possuem garras compridas, curvas e dentadas nas faces laterais.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Apresenta uma distribuição paleárctica generalizada nas florestas europeias e norte-asiáticas, estendendo-se a sua ocupação a algumas ilhas do arquipélago japonês. Em Portugal, a espécie parece ter-se extinguido no séc. XVI. A partir da década de 80, indivíduos originários de Espanha começaram a ser observados no norte do país. Actualmente já estão estabelecidos em áreas como o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Na década de 90 foram introduzidos no Parque Florestal de Monsanto (1993) – área onde já apresentam uma distribuição generalizada - e no Jardim Botânico de Coimbra (1994).


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

A espécie está incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Em Portugal tem o estatuto de Rara.

No nosso país, a morte por atropelamento é de alguma forma frequente. Como predadores naturais saliente-se o açor – perito em caçar em ambientes fechados – e a marta – uma ágil trepadora. No solo, raposas, genetas, gatos-bravos e domésticos, podem ser um incómodo. Em certos países, como na Rússia, o abate de esquilos para comércio da sua pelagem causou importantes quebras no efectivo da população.

A nível internacional existe uma certa preocupação com o futuro da espécie. As doenças e a perda de habitat, bem como a sua fragmentação, têm contribuído para uma redução das áreas ocupadas. Mais relevante parece ser a competição com outra espécie, S. carolinensis, que, quando introduzido em áreas de ocupação de S. vulgaris, substitui este último ao fim de cerca de 20 anos. Este fenómeno é particularmente preocupante na Grã-Bretanha, onde nos últimos 50 anos a espécie desapareceu da maior parte da Inglaterra e do País de Gales. Em Itália a situação é igualmente preocupante, tendo o Conselho da Europa recomendado, em 1999, que fosse estabelecido um Programa Nacional de controlo e erradicação do S. carolinensis.

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