Ficha do Bico-de-lacre

Luís Reino
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Características de uma espécie africana que foi introduzida em Portugal em 1964, iniciando um processo de expansão que ainda se mantém. Ocupa já uma fracção significativa do território português, tendo já chegado a Espanha.

 

 

 

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Bico-de-lacre Estrilda astrild é uma ave com o comprimento aproximado do Chamariz (11 cm), todavia apresenta uma estrutura distintiva das espécies da família dos Fringilídeos (a que pertencem o Chamariz e o Pintassilgo): cabeça mais curta, asas curtas e arredondadas, corpo mais "magro". As partes superiores são de um castanho acinzentado e as inferiores são mais claras (misto de um castanho pálido com rosa). A cauda é mais escura e o bico apresenta uma cor típica - vermelho lacre O género Estrilda, é essencialmente africano.


DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

É uma espécie originária do continente africano, ocorrendo em toda a região situada a sul do paralelo 10º N. Foi introduzida em Portugal em 1964. Actualmente, o Bico-de-lacre distribui-se, de uma forma quase contínua, ao longo de toda a costa portuguesa onde é comum, desde Caminha (Alto Minho, distrito de Viana do Castelo) até Vila Real de Santo António (Algarve, distrito de Faro). No interior de Portugal encontra-se relativamente bem distribuído na metade sul do território, enquanto que no Norte possui um carácter mais localizado, ocorrendo nas bacias hidográficas dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave e Douro. A distribuição do Bico-de-lacre em Portugal é muito influenciada pela topografia do país. Continua em processo de expansão.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Esta espécie não se encontra listada nem no "Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal" nem no "Birds in Europe: their Conservation Status", em virtude de ser uma espécie introduzida. Os problemas que se poderão colocar são os eventuais impactos negativos que poderá ter na avifauna indígena, devido à competição que pode eventualmente suscitar.


HABITAT

Encontra-se associado a uma grande variedade de meios, que vão desde habitats associados a zonas húmidas, como caniçais e outra vegetação que bordeja as linhas de água, assim como a arrozais e outros meios agrícolas. Provavelmente, a sua facilidade de adaptação a diferentes habitats, foi um dos factores mais importantes para o sucesso da sua introdução em Portugal.


ALIMENTAÇÃO

Espécie granívora, alimenta-se sobretudo de pequenas sementes, consumindo muito raramente insectos. Alimenta-se frequentemente aos pares ou em bandos, em terrenos com vegetação herbácea baixa, vegetação ribeirinha ou em campos agrícolas.

REPRODUÇÃO

Em Portugal nidifica praticamente ao longo de todo ano o que também, terá contribuído para o rápido sucesso da sua expansão em Portugal. Tem várias posturas anuais. O território de nidificação, limita-se à área em redor do ninho. O ninho é construído no meio da vegetação tanto no interior dos arbustos, árvores como também em plantas herbáceas. Muitas vezes é construído no chão, no meio das ervas. A postura é composta normalmente por 4-6 ovos, e o período de incubação varia entre os 11 e os 12 dias. Os juvenis permanecem no ninho entre 17-21 dias.


MOVIMENTOS

É uma espécie fundamentalmente, sedentária contudo, pode realizar movimentos de carácter local.


LOCAIS DE OBSERVAÇÃO

Pode ser observado numa grande variedade de locais de Norte a Sul do País. Destacamos as seguintes áreas pela facilidade de observação: Estuário do Rio Minho, Ria de Aveiro, Estuários do Tejo e Sado, Lagoa de Santo André e Ria Formosa.


CURIOSIDADES

Em Portugal, o Bico-de-lacre expandiu-se mais rapidamente para norte (cerca de 13 km/ano) do que para sul (6 km/ano) a partir da área de introdução.

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