A Savelha - peixe de mar que cria no rio e cresce nos estuários

Maria João Correia
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A savelha é um peixe migrador, que utiliza os rios para a reprodução, cresce nos estuários e passa no mar as restantes fases do ciclo de vida. Muito próxima do sável, ela tem registado igualmente um declínio acentuado dos seus efectivos.

 

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O savelha, Alosa fallax (Lacepède, 1803), é um peixe migrador anádromo da família Clupeidae. Tem o corpo comprimido lateralmente, alto e coberto de escamas arredondadas. A cabeça é curta e achatada lateralmente, o focinho aguçado e curvo. Os olhos localizam-se quase junto da linha sopeiro da cabeça. A barbatana dorsal é mais comprida do que alta e está implantada numa goteira, quase ao meio da linha dorsal. Quanto ao comprimento, esta espécie é mais pequena do que o sável, não ultrapassando os 40 cm, sendo as fêmeas maiores do que os machos.

A savelha apresenta cor prateada no ventre e nos flancos, o dorso é azul-esverdeado ou acastanhado, com reflexos metálicos muito intensos e azuis. Na linha de separação da cor do dorso e do ventre, observam-se sobre os flancos algumas manchas grandes e arredondadas, azul-escuro, em série longitudinal, algumas de cor pouco acentuada.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

A savelha distribui-se pelo Atlântico Nordeste e águas adjacentes, e à semelhança do sável, também esta espécie tem vindo progressivamente a desaparecer dos cursos de água europeus. Em Portugal, apesar de sujeita aos mesmos impactos que o sável, coloniza ainda várias bacias hidrográficas, nomeadamente as do Minho, Lima, Cávado, Mondego, Tejo, Sado, Mira e Guadiana, observando-se, no entanto, uma tendência generalizada para a diminuição dos seus efectivos.


MIGRAÇÃO E REPRODUÇÃO

À semelhança do sável, também a savelha é influenciada por factores como a temperatura das águas e o caudal dos cursos de água na sua migração para a reprodução. De uma maneira geral, a entrada desta espécie nas águas doces efectua-se mais tardiamente do que o sável. Os adultos agrupam-se no mar em Abril, junto à foz dos rios, migrando para os estuários, normalmente em sincronia com a maré, e subindo posteriormente o curso de água, mas nunca muito para montante. Após a desova, em Maio e Junho, os adultos retornam na sua maioria ao mar. Os juvenis recém eclodidos deslocam-se para jusante, para os estuários, onde permanecem cerca de um ano antes de migrarem para o mar.

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