Floresta e Energias Renováveis

Cristina Pereira
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Os usos ancestrais dos resíduos da floresta

As transformações da sociedade portuguesa das últimas décadas, nomeadamente a diminuição da população rural, o abandono de práticas agrícolas e dos campos, levaram à desvalorização económica dos resíduos da floresta, encarados agora como lixo e abandonados na floresta. A lenha que outrora se recolhia nos baldios para o aquecimento e confecção das refeições foi substituída pela electricidade e pelo gás, a cama dos animas feita com matos foi abandonada, os fertilizantes orgânicos substituíram os matos e o estrume e os homens e mulheres que roçavam o mato vieram para a cidade.


A produção de energia eléctrica a partir da biomassa

A presença de matos e de outros resíduos da exploração florestal nas matas e povoamentos nacionais contribuem para o elevado número de incêndios que, anualmente, consomem mais de 100 mil hectares.

A biomassa florestal existente pode ser transformada, pelas diferentes tecnologias de conversão, em energia térmica e eléctrica, trazendo importantes benefícios sociais, económicos e ambientais. Uma contabilização dos resíduos florestais existentes nos povoamentos nacionais aponta para um potencial energético de 44,55 PetaJoule por ano, o equivalente a 1 238 milhões de litros de petróleo.

No nosso País existem duas centrais termoeléctricas que permitem o uso dos resíduos florestais para produção de energia eléctrica. Uma das centrais localiza-se em Mortágua (Central de Mortágua) e a outra em Vila Velha de Ródão (Centroliva, SA). A Centroliva tem menor dimensão, com uma capacidade instalada de 3 MW e um consumo diário de cerca de 120 toneladas de biomassa.

A central de Mortágua representou um investimento de 25 milhões de euros, em 1999. Com este investimento esperava-se a produção de 63 GWh de energia eléctrica, para fornecimento directo à rede eléctrica nacional. Dados relativos ao ano 2001 apontam, no entanto, para uma produção muito aquém da esperada. Espera-se para breve um relatório do "Grupo de trabalho sobre biomassa florestal" do INETI sobre a actividade da central, para se perceberem as fragilidades do projecto, de forma a corrigir futuros investimentos.

Condicionantes ao uso da biomassa florestal

1. Um dos problemas na difusão e maior aproveitamento dos resíduos florestais é a sua baixa densidade que, ao encarecer o transporte, implica que o mesmo só se faça de forma rentável para pequenas distâncias. Terão que ser equacionadas práticas de compactação ou estilhaçamento no local de recolha do material vegetal, de modo a rentabilizar economicamente o transporte e evitar um acréscimo da circulação rodoviário;

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