A Produção de Sal

Maria Carlos Reis e Luisa Chaves
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Foi possível, desta forma, aumentar a produção nacional, apesar do número de marinhas ter diminuído. Embora tenha havido uma quebra importante nas exportações, o escoamento da produção era assegurado pela existência de uma frota bacalhoeira e pelo utilização deste produto por diversas indústrias químicas, que se desenvolveram a partir do final dos anos 50. No entanto, foram estas mesmas indústrias as responsáveis por uma diminuição da mão-de-obra disponível para a actividade salineira, visto a remuneração por elas oferecida ser notoriamente mais elevada.


A partir dos anos 70, a diminuição da produção de sal foi uma constante e no início dos anos 90 ela atingiu os níveis mais baixos de sempre. As salinas foram abandonadas ou os seus proprietários tentaram convertê-las em actividades mais rentáveis. É com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, que surgem fundos comunitários para o estabelecimento de explorações aquícolas, e grande parte desta verba foi utilizada na conversão de salinas. Por outro lado, e particularmente no Estuário do Sado, o número de salinas completamente destruídas para serem substituídas por campos de arroz, aumentou significativamente, em consequência, igualmente, de apoios comunitários.


Com o desenvolvimento da indústria do frio, o sal passou a ser muito pouco utilizado como meio de conservação dos alimentos. Assim, as grandes frotas bacalhoeiras, também em declínio, deixaram de absorver as toneladas de sal de que necessitavam para a conservação do peixe, quer em alto mar, quer para as secas do bacalhau.


As dificuldades para fazer da exploração do sal uma actividade novamente rentável são enormes, pois não existem mecanismos que possibilitem uma competição em termos de mercado com o sal proveniente de Espanha e do Norte de África. Outro problema da comercialização do sal português refere-se à competição com o sal gema proveniente essencialmente da Europa Central e Norte de África, que entra no mercado a preços muito competitivos. Deste modo, face ao estado actual da actividade salineira, se não forem tomadas medidas apropriadas, é uma actividade que corre sérios riscos de desaparecer, o que representará uma importante perda, principalmente, a nível cultural e ecológico.

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