Recifes de coral e suas ameaças

Susana Ribeiro
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Os recifes de coral são muito susceptíveis à perturbação natural e humana, mas são a extensão e diversidade dos impactes resultantes das actividades humanas os responsáveis pela situação vulnerável em que estes sistemas se encontram.

Os ecossistemas de recifes de coral são muito sensíveis aos impactos externos que violem a sua homeostasia, sejam eles naturais ou causados pelo Homem. Durante as últimas três décadas, eventos catastróficos, como terramotos, o aquecimento da água provocado pelo “El Niño”, as pragas de Acanthaster planci (estrela-do-mar), assim como diversas causas de stress provocadas pelo Homem, afectaram os sistemas coralinos, resultando na sua destruição em áreas muito vastas. De todos estes factores salientam-se:

- Destruição dos corais por stress físico: entre os factores de stress físico que prejudicam os corais, podemos mencionar a acção das ondas e a diminuição da salinidade, a exposição ao ar e o sobreaquecimento. Muitas vezes estes acontecimentos estão relacionados com a passagem de ciclones que são acompanhados por fortes chuvas, causando a diminuição da salinidade e a sedimentação dos recifes. Cobertos por sedimento, os corais morrem num período de 3 a 4 dias. A passagem de um ciclone de força média destrói 50 a 80% dos corais nas zonas superiores do recife. Estes ciclones ocorrem uma ou duas vezes em cada século (Maragos et al., 1973 in Sorokin, 1993).


Figura 1. Acanthaster planci a alimentar-se dos pólipos de coral.

- Acanthaster planci: estrela-do-mar denominada coroa-de-espinhos, destrói os corais ao alimentar-se deles. Distribui-se pela região do Indo–Pacífico, incluindo o Mar Vermelho, estando, no entanto, ausente do Atlântico. A sua predação teve um impacto na Grande Barreira de Coral quando, em 1960, os recifes perto de Cairns (latitude 17ºS) ficaram infestados. Desde então e até 1984, estes equinodermes causaram a destruição de grande parte dos corais desta barreira.

De acordo com alguns autores (Endeon & Cameron in Nybakken, 1988), a explicação mais provável para estas explosões de Acanthaster planci é o facto do Homem sobreexplorar os seus predadores, entre os quais a Charonia tritonis (Tritão-do-Pacífico).


Figura 2. O tritão-do-Pacífico (Charonia tritonis) é um dos maiores gastrópodes dos recifes.

Uma outra teoria (Birkeland, 1982 in Nybakken, 1988) sugere que o recrutamento juvenil desta estrela-do-mar é estimulado pela combinação de baixa salinidade, elevada concentração de nutrientes e alta temperatura. Segundo esta hipótese, a ocorrência de um ano com precipitação elevada, juntamente com a destruição humana da vegetação nativa nas áreas terrestres adjacentes, leva a um aumento do “runoff” (águas da chuva transportadas pelos rios), o que conduz ao aparecimento de blooms de fitoplâncton, que por sua vez servirá de alimento às larvas de Acanthaster planci.

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