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A avifauna dos Açores manteve-se desconhecida durante muito anos, pois a sua aparente falta de singularidade levou a que o estudo da mesma não suscitasse muito interesse pela comunidade cientifica. Nos últimos anos este cenário tem vindo a ser progressivamente alterado. Para muito contribui a ocorrência das aves aquáticas visitantes, em particular de origem Norte Americana (neárctica), as quais apresentam percentagens de ocorrência no arquipélago muito superiores ao restante território europeu. Cerca de 30% das espécies visitantes registadas são de origem neárctica. Este factor tem colocado progressivamente os Açores nos destinos dos birdwatchers, e hoje este arquipélago é procurado por um número crescente dos amantes desta actividade. Este panorama, embora com carácter lúdico, vem alertar para outras questões de âmbito cientifico, ou seja qual o papel destas aves nos ecossistemas açoreanos?

Os Açores, pela sua localização geográfica central no Atlântico, ficam fora das grandes rotas de migração das aves, representando um papel pouco importante na sua conservação. Contudo, devido às correntes atmosféricas e à posição marginal em relação às rotas de migração, muitos indivíduos de várias espécies são arrastados até esta região, desviando-se da sua rota normal (Monteiro e Pedro, 1995). Em consequência deste cenário, para além da avifauna aquática residente (6 espécies), regista-se a ocorrência de inúmeras aves visitantes (Figura 1).

 

Figura 1

Apesar da carência de informação acerca destas espécies, muitos dos autores que escreveram sobre a ornitologia açoreana destacam a sua presença nas ilhas. Godman (1870), no seu trabalho já apresentava uma lista de 27 espécies de aves visitantes terrestres. Bannerman e Bannerman (1966) inclui na sua descrição da avifauna açoreana 91 espécies pertencentes a este grupo.