Marés Negras - O Mar Ameaçado

Ângela Pereira
Imprimir
Texto A A A

Numa fase inicial de recuperação, constata-se uma rápida diversificação das espécies presentes. Esta colonização atinge níveis mais elevados do que aqueles que se verificavam antes da maré negra. Este fenómeno momentâneo explica-se pelo enriquecimento em matéria orgânica com origem na degradação dos hidrocarbonetos constituintes do petróleo. Depois dá-se o reequilíbrio gradual do ecossistema. Para os meios mais frágeis estima-se que o período necessário à estabilização das populações afectadas seja de cerca de uma década.

Fig. 4 - Imagens da espessa camada de petróleo que cobre as costas rochosas (1) e arenosas (2) como resultado de um derrame.

Com a multiplicação das marés negras, as estratégias e os meios para o seu combate também têm sido aperfeiçoados. O primeiro objectivo de uma operação deste tipo consiste em impedir a aproximação massiva do petróleo às zonas costeiras, onde a sua eliminação é mais difícil e onerosa. Existem várias técnicas de combate e limpeza das marés negras: afundamento; combustão; utilização de absorventes; utilização de detergentes e dispersantes; biorremediação ou degradação biológica e recolha mecânica.

A técnica de afundamento do lençol de petróleo (por aumento da sua densidade) tem efeitos nocivos sobre a flora e a fauna dos fundos oceânicos. A combustão consiste na queima do petróleo como forma de o eliminar, mas as altas temperaturas promovem a solubilização de componentes tóxicos, o que não favorece o processo, para além de gerar grandes quantidades de fumos (poeiras e dióxido de carbono que agravam o efeito de estufa). Por vezes usam-se substâncias absorventes, tipo esponja, para reter o petróleo. Também o uso de detergentes tem-se revelado prejudicial. Estes são produtos químicos que provocam a dissolução e dispersão do petróleo. No entanto, os compostos resultantes da mistura são mais tóxicos, e a sua biodegradação é mais lenta, pois tendem a precipitar e a depositar-se em profundidade. Todavia, têm sido feitos esforços para que estes produtos sejam cada vez mais ecológicos. Na biorremediação, as bactérias decompõem o petróleo em substâncias mais simples (combustão natural). Estas bactérias são extraídas do amido de milho, e para digerir 1 litro de petróleo consomem o oxigénio de 327 litros de água do mar, pelo que se agrava o risco de asfixia do meio marinho.

Comentários

Newsletter