Uma catástrofe ambiental às portas de Portugal: a maré negra do Prestige

Nuno Quental (28-11-2002)
Imprimir
Texto A A A

A indignação com mais uma maré negra, desta vez aqui tão perto, é mais do que necessária. O naufrágio do petroleiro ameaça zonas de grande importância e sensibilidade ecológica e ameaça destruir todo um tecido social construído à volta da pesca.

Para muitos terá sido um dejá vu. A memória do Erika, na costa francesa, ou mesmo do Aragón, em Porto Santo, estará demasiado próxima. Para outros, algo de inesperado, inositado. O resultado, porém, é o mesmo: trata-se de mais uma catástrofe ambiental de dimensões ainda por apurar, de que se vislumbra apenas o início, e que inevitavelmente terá sérias repercussões ao nível económico e social.

Mas vamos aos factos. O petroleiro, ironicamente baptizado de Prestige, pertencente a um armador liberiano mas gerido por uma empresa grega, ostentando bandeira das Bahamas, foi contratado por uma empresa russa com sede na Suiça e em Londres para transportar 77000 toneladas de fuelóleo residual desde a Letónia (porto de Riga) até Singapura (via Canal do Suez, com escala em Gibraltar). Como vemos, mapa mais colorido do que este seria difícil de conceber. O navio, com 81574 toneladas de peso, 243 metros de comprimento, 35,5 metros de largura e 18,7 metros de calado, fora inspeccionado pela última vez a 1 de Setembro de 1999, nos portos de Roterdão, tendo sido detectadas três deficiências de segurança. Contudo, não foi retido. Em 1991 sofreu um acidente, junto à costa italiana: as máquinas falharam e teve de ser rebocado.

Comentários

Newsletter