Cortinas de Abrigo

Nuno Leitão
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Além da altura, os efeitos de uma cortina de abrigo dependem da sua orientação, permeabilidade e homogeneidade. As cortinas de abrigo deverão estar orientadas perpendicularmente aos ventos dominantes, de forma a minimizar a sua velocidade. A largura de uma cortina, tem por sua vez, efeitos menos importantes na redução da velocidade do vento. Uma cortina estreita com permeabilidade média tem tanto ou mais impacto do que uma cortina composta por várias filas de árvores. Para além disso, uma cortina larga ocupa maior área de solo, o que pode significar uma desvantagem. 

Uma cortina de abrigo impermeável desvia todo o fluxo de vento, exerce mais atrito e reduz mais a velocidade do vento, mas pelo facto de não haver penetração de ar através da cortina geram-se turbilhões, resultando numa menor extensão de área sob protecção da cortina (Fig. 2).


Com uma cortina de abrigo de permeabilidade média, apesar da menor redução da velocidade do vento a sotavento, a extensão de área protegida é superior (Fig. 3). Uma cortina de abrigo pode ter oscilações de permeabilidade ao longo do ano, particularmente quando são compostas por árvores de folha caduca. As cortinas mais eficientes têm uma permeabilidade com cerca de 35 a 40%, principalmente se esta permeabilidade se verificar no topo da cortina. As cortinas deverão apresentar no topo uma permeabilidade desta ordem e ser densas na base, por forma a reduzir a turbulência a sotavento.


Fig. 2 - Cortina de abrigo densa. 


Fig. 3 - Escoamento do vento numa cortina de abrigo de permeabilidade média. 

Assim, pode-se concluir que sistemas agro-florestais compostos por culturas agrícolas e cortinas de abrigo poderão ser muito eficazes na manutenção da produtividade dos solos, indiciando o elevado valor económico das cortinas de abrigo. Para optimização destes sistemas, ao longo dos campos agrícolas as cortinas de abrigo deverão ser plantadas perpendicularmente à direcção dos ventos dominante, paralelas umas em relação às outras e estar espaçadas em intervalos de 10 a 15h.

Além dos efeitos resultantes da interacção das cortinas de abrigo com o vento, estas têm um elevado valor biológico para flora e para a fauna:


 
Bibliografia

Biber, J.P. (1988). Hedges. Council of Europe.

David, T.S., David, J.S. e Oliveira, A.C. (1994). Cortinas de abrigo. Influências na protecção e produção de culturas agrícolas. Revista Florestal 7:21-36.

Kimmins, J. P. (1997). Forest Ecology. Prentice-Hall, Inc.

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