Uso Eficiente da Água - o que cada cidadão pode fazer

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, Direcção Nacional
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Sobre autoclismos

As descargas de autoclismos são um dos usos com grande peso no consumo doméstico, existindo também na maioria das instalações comerciais, industriais ou colectivas.

O consumo dos autoclismos representa 40% do total do consumo doméstico. Resulta daqui que o consumo médio anual associado à utilização do autoclismo se estima em 45 mil litros por fogo, ou seja, 230 mil milhões de litros no País.
Os autoclismos tradicionais têm capacidades que podem variar entre os 7 litros e os 15 litros por descarga. A utilização de autoclismos com descargas de 6 litros tem a sua eficiência provada em diversos países. Sendo as descargas de autoclismo dos usos mais significativos na habitação, a utilização de autoclismos com descarga de 6 litros em vez dos tradicionais 10 litros ou mais levará a reduções significativas. Valores de experiências em outros países variam entre 20% e 50%. A redução do volume de descarga do autoclismo é indicada como uma das medidas mais eficientes, sendo em muitos casos implementados programas de substituição alargada de autoclismos em que parte do custo é subsidiado. Considerando os efeitos a longo prazo, a conclusão é invariavelmente de economia para horizontes superiores a 5 anos.

Actualmente estão disponíveis aparelhos eficientes com volumes por descarga de 6 litros, com descarga mínima de 3 litros (sistema dual). Estes aparelhos funcionam de forma adequada, particularmente se associados a uma bacia de retrete também desenhada para maximizar a limpeza e arraste com esses volumes de água. A descarga de maior volume deve ser associada apenas aos usos em que esteja presente matéria fecal. Cerca de 30% do número total de descargas com o autoclismo deverão ser maiores por envolverem a limpeza de matéria fecal e cerca de 70% das descargas seria adequado proceder a uma descarga de menor volume, resultando numa poupança significativa relativamente a um dispositivo de volume de descarga fixo.

A redução do volume por descarga num autoclismo existente também pode ser obtida colocando um volume ou barreira no reservatório que reduza o volume de armazenamento activo. No entanto, esta redução não deve resultar na necessidade de proceder frequentemente a descarga dupla, o que obviamente anularia a vantagem inicial.

A redução do consumo associado ao autoclismo pode ser atingida das seguintes formas:

- por alteração dos comportamentos de uso que induzam desperdícios;

- por adaptação ou substituição do equipamento padrão, ou seja, utilizando autoclismos de baixo consumo (com descarga de volume reduzido, com descarga de dupla capacidade 6/3 litros ou com descarga controlada pelo utilizador);

- em casas isoladas ou pequenos aglomerados, recorrendo a soluções específicas como sejam as bacias de retrete sem uso de água.

Pode também ser feita a adaptação ou substituição do autoclismo convencional, eventualmente também da bacia de retrete, por outro com volume de descarga inferior, ou seja, utilizando autoclismos de baixo consumo (com descarga de volume reduzido, com descarga de dupla capacidade 6/3 litros ou com descarga controlada pelo utilizador). As vantagens resultantes são a redução dos consumos de água e da descarga de águas residuais e não apresenta nenhuma desvantagem relevante. Esta redução implica uma eficiência potencial de 60%.
Os mecanismos de implementação desta medida devem incidir ao nível da
procura -disponibilizando informação ao consumidor no local de compra, de forma clara e objectiva, de modo a que ele possa comparar os equipamentos alternativos - e ao nível da oferta, de forma indirecta, limitando as características dos produtos utilizados nas novas construções ou renovação das existentes.
Assumindo um investimento médio entre 100 e 175 Euros para substituir o conjunto autoclismo e bacia de retrete, dependendo do modelo e marca, a sua recuperação com poupança na facturação consegue-se num período de 2 a 3 anos.

Sobre chuveiros

A maioria dos fogos portugueses possui pelo menos um chuveiro e uma banheira. Os banhos e duches são usos bastantes significativos na habitação, representando cerca de 39% do consumo médio diário, existindo um potencial de poupança significativo para medidas que reduzam o volume gasto em cada utilização, sem ser sacrificado o conforto do utilizador.

Os principais factores que influenciam o consumo associado ao duche são o caudal do chuveiro, a duração do duche e o número de duches por dia do agregado familiar.

O caudal do chuveiro depende da pressão da água à chegada ao dispositivo e do equipamento utilizado para aquecer a água (esquentador, termoacumulador ou caldeira mural). O caudal de água quente é frequentemente inferior ao de água fria, para o mesmo grau de abertura da torneira, devido a limitação do débito do sistema de aquecimento de água. Modelos de esquentador comuns têm caudais entre 10 e 11 litros. Assim, é necessário considerar a compatibilidade entre um chuveiro de baixo consumo e o sistema de aquecimento da água, que deve funcionar mesmo para caudais baixos, sob pena de ser afectado o desempenho do sistema e o conforto do utilizador.

Para avaliar qual o caudal do chuveiro existente numa habitação basta efectuar um teste simples em que se enche um recipiente de volume conhecido (por exemplo um balde de 10 litros) e se mede o tempo de enchimento. Se o caudal for menor ou igual a 10 litros por minuto, trata-se de um dispositivo eficiente. Se o caudal for superior a 10 litros por minuto, a substituição do chuveiro por um modelo mais eficiente permite poupar água no uso associado a este dispositivo.
A duração dos duches e o número de duches está associado com aspectos comportamentais, pelo que são considerados na adequação do uso.

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