Alimentação Vegetariana

Irina Maia – Bióloga e Vegetariana
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Mas como pode isso ser? Afinal de contas somos omnívoros!

É verdade, somos omnívoros. Mas o que significa isso exactamente?

Os nossos antepassados começaram por ser frugívoros (comiam apenas frutos), depois evoluíram para omnívoros, alargando a sua dieta a insectos e pequenos mamíferos e mais tarde tornaram-se pescadores e caçadores, passando a incluir no seu menu a carne de diversos animais. No entanto, durante a maior parte desse percurso evolutivo, os nossos antepassados basearam a sua dieta em plantas, sendo os produtos de origem animal um complemento da sua alimentação de onde retiravam calorias e proteínas extra.

Há quem atribua o desenvolvimento da nossa inteligência à ingestão de carne, mas foi o aumento progressivo dos cérebros dos nossos antepassados que criou a necessidade de ingestão de mais proteínas e gorduras, que a carne forneceu em abundância.

Milhões de anos depois, o ser humano inventou a agricultura e passou a produzir inúmeras variedades de cereais, leguminosas, oleaginosas, hortícolas e frutos, capazes de suprir as suas necessidades nutricionais e energéticas, de tal forma que hoje em dia, na maior parte do planeta, o ser humano já não precisa de comer carne para viver e ser saudável. 

Ao contrário do que comummente se pensa, ser omnívoro não implica que se tenha de comer de tudo para se sobreviver, mas sim que se pode sobreviver com um leque variado de opções alimentares. Um omnívoro consegue viver só de carne ou só de plantas, se apenas tiver disponível uma dessas opções para se alimentar. O facto de termos inventado a agricultura, dá uma nova dimensão ao facto de sermos omnívoros, pois oferece-nos a liberdade de escolha dos alimentos.

E porque é que devemos escolher comer plantas em vez de animais?

Se no passado todos os produtos de origem animal eram produzidos de modo tradicional e extensivo, com aproveitamento de solos e paisagens não-aptas para a agricultura, hoje em dia a grande maioria desses produtos são produzidos industrialmente, com enorme desperdício de recursos naturais e com graves consequências ambientais e sociais.

Além das questões dos direitos e do bem-estar dos animais, que cada vez mais devem ser debatidas e consideradas na forma como produzimos os nossos alimentos, as questões relativas ao impacto ambiental da produção animal devem levar-nos a questionar os nossos hábitos, principalmente se nos consideramos ecologistas e pretendemos reduzir a nossa pegada ecológica no planeta.

“É ecologista? Então porque ainda come carne?” É a questão provocadora que tem gerado acesos debates entre aqueles que se consideram ecologistas.

Há aqueles que, perante os dados que apontam a produção animal como um dos maiores problemas ecológicos dos nossos dias, se tornaram vegetarianos para reduzirem o seu impacto ambiental no planeta e há aqueles que, achando que a ingestão de produtos animais faz parte da nossa ecologia, não pretendem mudar os seus hábitos alimentares, embora concordem que a produção industrial destes produtos é anti-ecológica. 

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