Cientistas britânicos despertam musgo antártico congelado com mais de 1500 anos

Filipa Alves (18-03-2014)
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Uma equipa de cientistas britânicos conseguiu  despertar musgo antártico congelado com mais de 1500 anos, anuncia um artigo na revista Current Biology. Até à data, as plantas mais antigas despertadas de um torpor causado por baixas temperatuuras tinham apenas cerca de 20 anos. O feito sugere que organismos multicelulares como as plantas podem sobreviver durante períodos ainda mais longos.

Na Antártida e no Ártico as condições agrestes fazem com que as comunidades vegetais sejam dominadas por musgos, capazes de entrar em letargia sob muito baixas temperaturas, que cobrem o solo formando extensos bancos.

Estes bancos apresentam uma camada superficial que, a cada verão, “acorda” do estado de letargia causado pelas baixas temperaturas do inverno, abaixo da qual existem múltiplas camadas de musgos que se foram acumulando dos últimos milhares de anos e que se encontram preservadas no permafrost, solo a temperaturas inferiores ao ponto de congelação da água.

Alguns dos bancos de musgos têm mais de 5000 anos, indica a BBC. O que o Peter Convey (British Antarctic Survey) e os colegas fizeram foi cortar um pedaço destas camadas de musgo profundas, atingindo uma profundidade de 138 metros.

Estas amostras foram levadas para laboratório, onde foi calculada a sua idade através de datação por rádio carbono e onde foram colocadas incubadora a 17 graus Célsius, temperatura que os musgos atingem normalmente no verão antártico.

Ao fim de três semanas, começaram a surgir novos rebentos nos musgos com mais de 1533 anos, revelando uma capacidade de sobrevivência e conservação da viabilidade extremas, que nunca tinham sido observada antes em plantas e que leva os investigadores a pensar que poderá haver outros casos de sobrevivência durante períodos ainda mais longos.

“A minha intuição diz-me que se observássemos uma gama de plantas [como os musgos] que têm esta tática [de torpor a baixas temperaturas], nas condições ideais poder-se-ia detetar casos como este remontando a épocas ainda mais antigas para diversos organismos”, afirmou Peter Convey à BBC.

Referência bibliográfica:

Roads E, Longton RE & Convey P. 2014. Millennial timescale regeneration in a moss from Antarctica. Current Biology, 26 (6): R222. DOI: 10.1016/j.cub.2014.01.053

Fontes: http://www.bbc.co.uk e http://download.cell.com

*Escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

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