A maior parte das áreas protegidas marinhas falha na missão de proteger

Filipa Alves (06-02-2014)
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A maior parte das marinhas falha na missão de proteger, não apresentando diferenças ecológicas significativas em relação às áreas exploradas pela pesca, indica um estudo de investigadores australianos publicado na Nature. Os cientistas identificaram cinco características que as reservas marinhas devem apresentar para que sejam eficazes no seu papel de conservação.

A equipa liderada por Graham Edgar (Institute of Marine and Antarctic Studies, University of Tasmania), avaliou a eficácia da conservação da vida marinha através da criação de reservas, analisando 87 exemplos em mais de 40 países.

Os resultados sugerem que a simples delimitação de perímetros marinhos onde não é permitida a pesca, que tem vindo a aumentar em consonância com as metas definidas no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica, não é suficiente para salvaguardar a biodiversidade dos oceanos.

Com efeito, verificou-se que 59% dos parques marinhos estudados não se distinguem do ponto de vista ecológico das áreas com atividade piscatória. Estes parques apresentam apenas uma ou duas das cinco características de que depende o sucesso na conservação.

Estas características são a ausência da exploração dos recursos, a implementação efectiva da legislação, a existência há mais de 10 anos, a ocupação de uma área considerável (mínimo de 100 quilómetros quadrados) e o isolamento por águas profundas ou areia.

A comparação das áreas protegidas que cumprem estes cinco requisitos com as áreas exploradas pela pesca revela que, para além de não registarem o declínio de 2/3 da biomassa de peixes, estas zonas registam o dobro da abundância de espécies de grandes dimensões, uma biomassa destas espécies que é cinco vezes maior e uma biomassa de tubarões 14 vezes maior.

“Dadas as grandes alterações em curso debaixo de água e que não vemos, e o nosso deficiente conhecimento relativamente ao que está a acontecer exatamente e de qual a melhor forma de lidar com as ameaças individualmente, a necessidade de ter áreas protegidas que salvaguardem comunidades inteiras de espécies marinhas nunca foi tão grande”, afirmou o líder da investigação.

Assim “é necessário investir mais na delimitação das áreas protegidas marinhas, na sua gestão e e cumprimento [da legislação] duradouros para garantir que estas atingem o valor de conservação desejado”, concluem os autores.

Referência bibliográfica:
Graham, J E e tal. 2014. Global conservation outcomes depend on marine protected areas with five key features. Nature. DOI: 10.1038/nature13022. Publicado online a 05-02-14.

*Escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

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