Fogos florestais: mais um fim de semana trágico.

Cristina Pereira (Ano 2000)
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Depois de um mês de Julho relativamente calmo, a subida das temperaturas trouxe consigo os inevitáveis (?) incêndios de grandes proporções. Este fim de semana verificou-se no concelho de Góis o maior incêndio deste Verão, até ao momento.

Ano após ano o cenário repete-se. Dezenas de milhar de hectares de floresta queimados, casas e culturas destruídas, populações em perigo.
Se o mês de Julho foi relativamente calmo, a subida das temperaturas registada nas últimas semanas veio agravar a situação. Assim, neste fim de semana (5 e 6 de Agosto), a região centro do país foi palco de numerosos incêndios que, para além de queimaram vastas áreas, colocaram também muitas povoações em risco. São Pedro do Sul, Castro D'Aire, Vouzela, Figueiró dos Vinhos, Lagares da Beira, Pampilhosa da Serra, Águeda, Mangualde, Fornos de Algodre foram algumas das localidades mais afectadas.
No concelho de Góis, distrito de Coimbra, um incêndio florestal de grandes proporções, iniciado ao que tudo indicada, pelo descuido no lançamento de um foguete, provocou aquele que é considerado até ao momento o maior incêndio deste Verão. Desde a tarde de sábado, que dezenas de bombeiros, auxiliados por meios aéreos combatem este incêndio, considerado controlado segunda-feira de manhã. Os difíceis acessos, o relevo acidentado, o vento forte e o coberto florestal (pinheiro bravo e eucalipto, maioritariamente) dificultaram o trabalho dos bombeiros e das populações.

De acordo com a Direcção Geral das Florestas (DGF), arderam anualmente trinta e três mil hectares de floresta, entre 1994 e 1999. Este ano, até 31 de Julho, o número já atingia os dezasseis mil hectares, com uma ditribuição homogénea entre povoamentos florestais e mato. O número de ocorrências, este ano, ronda as sete mil.

Após os milhões anunciados pelos sucessivos governos para esta área nos últimos anos, valerá a pena indagar sobre o porquê do (pelo menos relativo) fracasso das medidas implementadas. Será que é possível prevenir e apagar os fogos, quando os povoamentos se encontram num estado de abandono e incúria, com o sub-bosque repleto de material altamente inflamável, quando as populações que tradicionalmente recolhiam esse material abandonaram essas práticas e locais, quando os acessos aos locais são difíceis, quando as queimadas continuam a ser feitas irresponsavelmente em qualquer altura do ano, quando a gestão florestal não existe? Após mais um anúncio de 16 milhões de contos feito domingo pelo Governo, em plena época de fogos, vale a pena reflectir sobre este assunto.
 
 

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