Importância de vertentes com diferentes orientações para a comunidade de anfíbios da Herdade da Ribeira Abaixo (Serra de Grândola)

Rui Braz e Rui Rebelo
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Apesar de não haver registos fósseis que documentem a anfibiofauna da Serra de Grândola em tempos pré-históricos (Crespo, com. pess.), os resultados parecem indicar que os efeitos da fragmentação poderão ter sido pouco severos na diminuição da riqueza específica em anfíbios. As espécies de anfíbios do Sul de Portugal adaptam-se com facilidade ao clima mediterrânico, apresentando uma reprodução do tipo explosivo e uma grande resistência às flutuações meteorológicas. O Oeste alentejano é uma das zonas mediterrânicas com maior riqueza em espécies de anfíbios. A proximidade do oceano faz com que exista na Serra de Grândola humidade suficiente para a sobrevivência destas espécies, mesmo em habitats desprovidos de vegetação original.

O facto do habitat mostrar uma distribuição fragmentada não significa que as populações aí existentes não se movimentem entre diferentes manchas de habitat. A galeria ripícola e o sub-bosque, presentes em grande parte das áreas de montado, poderão funcionar como corredores, permitindo movimentos entre habitats com características diferentes. O facto de se terem detectado movimentos de juvenis de S. salamandra para a galeria ripícola nos conjuntos situados em áreas de montado, durante o mês de Julho, pode justificar a importância da galeria ripícola como zona de refúgio contra as temperaturas mais elevadas. Os dados parecem assim indicar que a vegetação ripícola é importante para o sucesso dos anfíbios em zonas semi-áridas, mais do que as manchas de matagal mediterrânico.

 

 

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