Flores e Insectos, jogos de sedução Primaveril

Sara Otero
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As estrelas-de-natal também conseguiram converter as folhas em pétalas, tornando-se perfeitamente encarnadas. Quanto aos jarros e aos antúrios, encarregaram uma peça única de assegurar a promoção do caule central, onde se fixam inúmeras flores perfeitamente insignificantes: essa peça é a espata de um vermelho vivo no caso dos antúrios e de cone verde no jarro.

Por outro lado, a cor branca resplandecente do nenúfar deve-se ao fenómeno de reflexão da luz nas vesículas aéreas das suas pétalas, sendo o mesmo fenómeno que explica a cor da neve ou da espuma. O ranúnculo-dos-campos também utiliza habilmente o jogo de luz, estando a epiderme das suas pétalas repleta de partículas oleosas, por cima de uma camada de células ricas em grãos de amido, que confere às pétalas a aparência amarela e um bocado gordurosa. O aspecto aveludado de algumas plantas é devido a reflexos criados por uma espécie de pêlos nas pétalas, todos com o mesmo comprimento e orientação, como os pêlos do veludo.


Refira-se, além de todas estas curiosidades, que os insectos vêem o mundo vegetal de um modo diferente de nós, sendo, por exemplo, cegos ao vermelho. Então como é que as papoilas são visitadas por abelhas? A resposta está no facto de a visão do insecto se deslocar, em relação à nossa, para comprimentos de onda menores, ou seja, ganha em relação a nós em azuis e ultravioletas. Portanto, se as papoilas são visitadas por abelhas é porque emitem irradiação ultravioleta; explicando melhor, as abelhas, as vespas e os zângãos não vêem as papoilas vermelhas, mas sim a sua imagem em luz negra. Para os insectos, as flores destacam-se por cores dificilmente perceptíveis para nós, em fundos cinzentos e amarelos perfeitamente neutros.

Por vezes, as flores guiam os insectos para o néctar por meio de linhas bem visíveis, como por exemplo, nas corolas da malva, ou então por manchas que mostram o caminho para o néctar, como na corola das dedaleiras.

As salvas são plantas de flor bilabiada e para levarem os zangãos a fecundá-las, calcularam e regularam o seu balanceiro de polén para o peso e o comprimento do zangão. Assim, o zangão é atraído pelo néctar que está no fundo da flor e, para o ir lá buscar, aterra na única pista possível, ou seja, o lábio inferior da salva, depois avança um pouco para ir buscar o néctar, e aí é obrigado a bater com a cabeça contra a peça do balanceiro que está no fundo, dois estames baixam-se de imediato e o zangão apanha com o polén nos pêlos das costas, com muita pontaria.

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