Picadas e mordeduras de animais - como prevenir e tratar

Jorge Nunes (texto e fotografia)
Imprimir
Texto A A A

Após a picada, os sinais no local podem ser quase imperceptíveis, mas a dor é muito intensa e o membro afectado tenderá a formar edema podendo até ficar temporariamente paralisado. Os sintomas são variados: ansiedade, arrepios, cãibras musculares e hipotensão. A dor manter-se-á várias horas, especialmente se o paciente não for medicado, e os sintomas podem manter-se durante vários dias, podendo os neurológicos persistir durante mais do que uma semana. O efeito do veneno geralmente não é fatal, excepto quando as vítimas são crianças em idade pré-escolar ou sofrem de hipersensibilidade.

O membro afectado deve ser imediatamente imobilizado e deve colocar-se um garrote na proximidade da picada. Para controlar a dor, sugere-se a aplicação de gelo ou de cloreto de etilo no local da picada, ou ainda, de compressas quentes embebidas numa solução de bicarbonato de sódio, para neutralizar o veneno. O acompanhamento médico deve fazer-se com a maior brevidade possível, principalmente quando se trata de crianças, que podem facilmente entrar em estado de choque.

 Das cerca de 800 espécies de carraças existentes em todo o mundo, cerca de uma dezena estão presentes em Portugal. As carraças adultas encontram-se mais activas na Primavera e no Outono. Para além de injectarem neurotóxinas aquando da sua picada, as carraças podem ser vectores de diferentes bactérias, tais como a Rickettsia, que causa a “febre da carraça” e a Borrelia, responsável pela “doença de Lyme”. A “febre da carraça” ou “febre dos fenos” resulta das infecções provocadas pelos microrganismos inoculados pela carraça e, se não for tratada, pode levar a afecções graves: articulares, neurológicas e cardíacas. Os primeiros sinais consistem no surgimento de uma grande mancha cutânea nas duas a três semanas posteriores à picada, acompanhada de febre, rigidez nas articulações e fadiga intensa. Caso ocorra picada de carraça, mantendo-se presa ao corpo durante um período superior a 24 horas, convém recorrer a acompanhamento médico para evitar a evolução da doença. As carraças podem também inocular uma forma benigna de tifo, designada por tularémia. Neste caso, a picada da carraça origina febre e manchas vermelhas, semelhantes às do sarampo, que surgem geralmente cerca de quinze dias após a picada. O acompanhamento médico e a utilização de antibióticos adequados costumam resolver o problema com alguma facilidade. Para nossa felicidade, nem todas as carraças são portadoras de bactérias e como tal nem sempre provocam doenças.

 A picada da carraça é indolor pelo que, após realizar um passeio no meio da vegetação, deve verificar-se a roupa e o corpo para despistar a eventual companhia de um destes parasitas. A carraça fixa-se no hospedeiro através da sua zona bucal (rostro), por onde suga o sangue. Tendo em conta que as carraças se fixam firmemente na pele, é conveniente evitar puxá-las, pois poderão partir-se e deixar o rostro preso à pele podendo originar infecções. Para desprender o parasita na sua totalidade, é preferível utilizar algodão embebido em éter, o que provoca a retracção do rostro e facilita sua remoção. O tratamento da picada faz-se essencialmente a nível local, através da utilização de pomadas.

Comentários

Newsletter