Tubarão, um senhor dos mares ameaçado

Maria Carlos Reis
Imprimir
Texto A A A

Os tubarões são dos mais bem sucedidos predadores de sempre, tendo surgido há cerca de 350 milhões de anos e tendo permanecido particamente imutáveis nos últimos 70 milhões. Só agora é que o Homem os está a ameaçar.

"Tudo nele era lindo, excepto as mandíbulas". É com esta frase que o escritor norte-americano Ernest Hemingway começa a descrever um magnífico tubarão, no seu célebre romance "O Velho e o Mar".

Os tubarões são um grupo fascinante de peixes que sempre provocaram nos seres humanos sensações de temor, até certo ponto exageradas, mas que podem ser comparadas aos sentimentos de medo e respeito que todos os grandes predadores despertam. No entanto, apesar de existirem muitos predadores marinhos, é ao tubarão que se aplica a identificação estereotipada de "assassino dos mares".

Inúmeros mitos sobre tubarões têm sido construídos ao longo dos tempos. Em determinadas regiões, onde este animal está presente desde sempre, verdadeiras religiões foram criadas divinizando-o, como aconteceu nas Ilhas Salomão, onde é conhecido por "takw manacca". Ainda no ínicio do século XX, os habitantes destas ilhas realizavam sacrifícios humanos ao deus tubarão. Mas embora na cultura ocidental os mitos tenham expressões bem diferentes, assistimos com frequência a manifestações mistas de receio e admiração materializadas, por exemplo, nos sucessos de bilheteira de filmes em que o tubarão é o vilão protagonista, como a sequela "Jaws" (O Tubarão), de Steven Spielberg ou, mais recentemente, o filme de Renny Harlym, "Deep Blue Sea" (Do Fundo do Mar).

Na realidade, os tubarões têm muito mais motivos para recear os seres humanos, do que o contrário, pois nesta história os papéis estão invertidos e é o tubarão que necessita de protecção. Todos os anos são mortos mais de 50 milhões de tubarões, para fins comerciais. Para além da sua carne ser muito apreciada, muitas das capturas têm apenas como objectivo as barbatanas, usadas na preparação de uma famosa sopa asiática. O fígado destes animais, por ser muito rico em óleos, é ainda utilizado como lubrificante, a pele como matéria-prima na produção de lixas e as cartilagens são extraídas para utilizações terapêuticas "duvidosas".

Comentários

Newsletter