Plantas parasitas

Otília da Conceição Alves Correia
Imprimir
Texto A A A

Nem todas as plantas vivem só da luz solar e da fotossíntese, algumas delas são carnívoras e outras parasitas. Venha conhecer plantas parasitas da nossa flora e deixe-se espantar por estas estranhas formas de vida.

Do mesmo modo que muitas plantas estabelecem uma interacção com animais ou com fungos, também existem algumas plantas que estabelecem uma estreita relação com outras plantas. São as plantas parasitas ou HOLOPARASITAS (parasitas totais) que perderam por completo a função fotossintética. As folhas são desnecessárias e estão reduzidas a pequenas escamas amareladas ou desapareceram por completo. A transpiração foliar é nula e também os orgãos de transporte de água, como o xilema, são muito reduzidos ou não existem, assim como as raízes. As plantas parasitas desenvolveram orgãos de sucção especiais, que penetram nos feixes condutores da planta hospedeira, os haustórios, que utilizam directamente do floema a matéria orgânica sintetizada pelo hospedeiro, não havendo por isso necessidade de realizar a função fotossintética. Muitas espécies parasitas são subterrâneas ou vivem dentro dos tecidos de outra planta (hospedeiro) e só na altura da floração se tornam visíveis para o exterior, desenvolvendo algumas flores de cores lindíssimas.

Uma destas parasitas, talvez a mais conhecida é a Rafflesia das florestas tropicais húmidas do Bornéu e Samatra. Produz a maior flor do mundo, cujo diâmetro chega a atingir 1m e no entanto todo o seu ciclo de vida se reduz a uma rede de filamentos escondidos no interior da planta hospedeira. No clima mediterrânico também se encontram algumas parasitas deste tipo como o Cytinus hipocistis, uma parasita específica da família das Cistaceas, espécies muito abundantes por todo o mediterrâneo. Cytinus hipocistis desenvolve todo o seu ciclo de vida no interior da raiz das suas hospedeiras e só na altura da floração, que é coincidente com a da planta hospedeira, a partir de Fevereiro/Março, sobressaem ao nível do solo pequenos botões florais avermelhados que abrem em cachos de pequenas flores amarelo alaranjadas.

FOTO 1
Cytinus hipocistis - Família das Rafflesiaceae

Holoparasitas carnudas. Plantas pequenas amarelo-avermelhadas, caules muito curtos com folhas escamiformes densamente imbricadas. Flores subsésseis reunidas num denso cacho com flores masculinas e femininas. Parasita sobre as raízes das Cistáceas em todo o País. Foram muito utilizadas no passado em medicina popular como adstringente. Nome vulgar: pútegas ou coalhadas.

(Ana I. Correia, Local - Ribeira Abaixo, Abril 1982)

 

Outra das mais raras plantas do mediterrâneo, que cresce em zonas arenosas próximo do mar é o Cynomorium coccineum, que em Portugal só se encontra no Algarve. Na ilha de Malta, onde foi muito abundante, é designado por fungo maltês embora não seja de facto um fungo, mas uma autêntica planta. A maior parte da sua vida é subterrânea e retira os seus alimentos da raiz da tamargueira. Neste estádio do seu ciclo de vida reduz-se a um caule donde brotam numerosas ventosas que a ligam às raízes da planta hospedeira. As folhas reduziram-se a um pequeno número de escamas minúsculas à superfície do caule. No verão irrompem do solo espigões grossos que se elevam alguns centímetros acima deste e que estão cobertos por uma grande quantidade de minúsculas flores vermelhas tão próximas umas das outras que parecem uma pele bastante rugosa. Algumas são flores masculinas, outras femininas e outras ainda possuem um ovário e estames. Num espaço de semanas são fertilizadas por moscas, após o que secam, enquanto o espigão enegrece.

Comentários

Newsletter