Causas do declínio global dos anfíbios

Nuno Leitão
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Alteração do habitat

A modificação do habitat é a causa do declínio dos anfíbios mais bem estudada. A perda de habitat tem como consequência a redução da abundância e da diversidade dos anfíbios. A conservação dos meios aquáticos de reprodução é ineficaz se não se tiver em conta o habitat terrestre envolvente, que é utilizado pelos anfíbios como local de abrigo e de alimentação. Assim, por exemplo, a drenagem de zonas húmidas implica a remoção de locais de reprodução, mas por outro lado, a remoção ou modificação das florestas tem um rápido e severo impacto nalgumas populações de anfíbios, devido a modificações microclimáticas, compactação e secura dos solos e redução da complexidade do habitat. Alterações, mais subtis, na condução da vegetação, que levem, por exemplo, ao aumento do ensombramento, podem, também, ter consequências negativas para algumas espécies de anfíbios.

Predação

As larvas dos anfíbios são extremamente vulneráveis a predadores vertebrados e invertebrados. A diversidade de anfíbios é frequentemente baixa em habitats com peixes predadores. As larvas de espécies de anfíbios que coexistem com predadores aquáticos desenvolveram mecanismos de defesa, contudo as introduções generalizadas de peixes predadores e do Lagostim-vermelho expôs os anfíbios nativos a predadores com os quais nunca tinham interagido, podendo-se verificar taxas de mortalidade significativas, e mesmo levar a uma rápida extinção local dos anfíbios.

Uma situação menos directa, verificou-se no Reino Unido com o Sapo-corredor. Muitas populações de Sapo-corredor mantiveram-se em habitats sem peixes predadores, mas ficaram isoladas das populações com habitats sujeitos a colonizações de predadores exóticos, o que eventualmente poderá levar à extinção local.

O Homem tem sido, também, responsável por predação directa, principalmente devido ao comércio de pernas de rã.

 


Radiação Ultravioleta

A diminuição do ozono da estratosfera, com consequente aumento da radiação ultravioleta (UV) ao nível a superfície terrestre estimulou a teoria de que a fraca resistência dos embriões à radiação seria uma das causas do declínio. Com efeito, a capacidade de recuperação dos danos derivados da radiação UV (através de uma enzima - fotoliase) é superior nas espécies de anfíbios não ameaçados e inferior nas espécies em declínio. A radiação UV associada a situações de natureza patogénica ou pH baixo, tem em algumas situações efeitos mais marcados.

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