Invasoras Lenhosas: Gestão vs. Erradicação

Alexandra Fonseca Marques, GEGREN (Inst. Sup. de Agronomia)
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A lista das espécies da fauna e flora com estatuto de invasoras no nosso país é apresentada nos anexos do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, que pretende regulamentar a introdução intencional ou acidental de espécies não indígenas em Portugal Continental e nas suas bacias hidrográficas.

De entre as plantas exóticas, as que apresentam porte arbustivo ou arbóreo merecem um especial destaque, devido ao seu maior efeito potencial sobre o ecossistema. Estas alienígenas, também designadas por invasoras lenhosas, incluem espécies como a mimosa (Acacia dealbata), a acácia-das-espigas (Acacia longifolia), a cordeço-alto (Acacia melanoxylon), o ailanto (Ailanthus altissima), a albizia (Albizzia lophanta), o incenso (Pittosporum undulatum), a háquea-picante (Hakea sericea) e a háquea-folha-de-salgueiro (Hakea salicifolia).

O carácter invasor de uma determinada espécie exótica é resultado, por um lado, dos acontecimentos históricos que justificaram a sua introdução no território nacional desde o século XVI, como a importação propositada de plantas ornamentais para jardins, e, por outro, das características eco-fisiológicas que favorecem a colonização da estação e sua proliferação, como por exemplo: vigorosa rebentação de toiça e raiz, abundante produção de semente, a qual se apresenta viável no solo durante longo períodos e com germinação síncrona após o fogo, elevada capacidade de dispersão seminal, elevadas taxas de crescimento nas primeiras idades, elevada resistência a perturbações como o fogo, associada à rápida capacidade de recuperação após a sua passagem.

Como resultado da sua elevada agressividade, que conduz a inúmeros prejuízos de natureza antrópica e conservacionista, a atitude tradicional face à ocorrência de infestações assenta na aplicação de métodos físicos, manuais ou mecânicos, com vista à erradicação total das invasoras. Estas operações mostraram-se insuficientes devido à rápida recolonização através de estratégias de propagação seminal ou vegetativa (Marques, 2001).

Perante este cenário têm-se desenvolvido esforços no sentido da implementação de uma nova abordagem ao “problema das invasoras lenhosas”, que preconiza a gestão das suas densidades a níveis compatíveis com os interesses de ordenamento da área florestal, de modo a tirar partido das vantagens que poderão advir da sua presença. Estes benefícios poderão ter justificado a sua introdução no local, como aconteceu com as acácias, originárias da Austrália, plantadas para a fixação das dunas litorais e melhoria das condições de fertilidade do solo.

A gestão de invasoras lenhosas assenta num processo continuado, que visa determinar a extensão real da invasão no local em causa e ponderar as melhores estratégias de intervenção face aos recursos disponíveis. Os meios de recolha de informação descritiva sobre o local, as espécies invasoras identificadas e o delineamento das estratégias de gestão a implementar são sintetizados num Plano de Gestão de Invasoras Lenhosas. Pretende-se que estas estratégias de gestão decorram concertadamente, pois é da sua implementação conjunta que irá resultar o controlo das invasoras, num médio a longo prazo. Assim, consideram-se como principais estratégias de intervenção: a prevenção, a restauração e o controlo.

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