Compostas

Miguel Porto
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Quem não conhece essas flores tão tradicionais a que chamamos malmequeres? Mas a quantas plantas diferentes é que chamamos este nome? Conheça um pouco mais desta vasta família tão comum e tão numerosa como, muitas vezes, confusa.

Malmequeres, dálias, crisântemos, margaridas, perpétuas, gerberas, e tantos outros nomes familiares… todos pertencem à grande família das Compostas (tecnicamente Asteraceae ou Compositae). Desde a infância mais distante que usamos uma composta como estereótipo da flor, resumindo-a a um disco central circular e um número indefinido de pétalas na periferia. Estas duas características levam-nos imediatamente a identificar o que pensamos ser uma flor. Na realidade, este estereótipo é uma caricatura daquilo que mais único existe nesta família – a forma como muitas flores se uniram, tão bem que muitas vezes julgamos ser uma flor aquilo que na realidade é uma inflorescência.

Mas antes de percebermos as particularidades desta família, avancemos com uma vista geral.

Esta é a família de dicotiledóneas que mais espécies compreende, cerca de 23000 em 1500 géneros. Como seria de esperar por estes números, os seus representantes existem em todo o mundo e estamos constantemente a cruzarmo-nos com eles. Claro que nem todos são vistosos como aquelas ornamentais; muitas espécies são até bastante inconspícuas, porém há uma certa exuberância associada a esta família, que podemos testemunhar ao perscrutar os vários habitats de Portugal.

A região mediterrânica é um dos centros de diversificação da família e apresenta assim muitas espécies. Algumas tribos (subdivisão da família) e géneros evoluíram nesta região, tendo originado muitas espécies endémicas de locais mais ou menos restritos. O género Centaurea, com quase 500 espécies, é exemplo de um género principalmente centrado na região mediterrânica, tendo 26 espécies nativas do nosso país, das quais 5 são endémicas de algumas regiões, número que já inclui a muito recentemente descoberta Centaurea occasus, endémica de uma pequena área no Algarve.

Muitas espécies de compostas são cultivadas nos jardins, sendo uma boa parte destas originária de África do Sul, uma outra região também pródiga nesta família, onde a exuberância das flores ainda é mais exagerada.

A maioria das espécies da família consiste em ervas, por vezes lenhosas. No entanto, podem ser arbustos, lianas (como alguns Senecio sul-africanos cultivados nos nossos jardins) e até árvores, como é o caso dos géneros Montanoa, do México, Brachylaena, de África, e outros.

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