Cogumelos Medicinais – História, usos e perspectivas futuras

Celeste Santos e Silva e Rogério Louro – Universidade de Évora
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Hoje em dia conhecem-se cerca de 270 espécies de cogumelos com propriedades medicinais ou terapêuticas, algumas delas conhecidas há muito pelo Homem. Estas podem constituir uma vasta fonte de compostos activos benignos, com aplicações sobretudo como potenciadores do sistema imunitário e com acção anti-tumoral.

As propriedades medicinais dos cogumelos são conhecidas pelo Homem desde tempos imemoráveis. As primeiras evidências do uso de cogumelos com propriedades medicinais surgiram na Ásia, estando esta prática profundamente enraizada na cultura oriental, onde os cogumelos eram venerados. Já no antigo Japão (10000-710 a.C.) o Maitake (Grifola frondosa) era uma espécie preciosa, valendo o seu peso em prata, sendo utilizado no tratamento da hipertensão e como potenciador das defesas naturais do organismo. O Reishi (Ganoderma lucidum) é provavelmente o cogumelo mais simbólico das antigas culturas Chinesa, Coreana e Japonesa, sendo tradicionalmente associado à saúde, recuperação, longevidade, proezas sexuais, sabedoria e felicidade. Foi mencionado pela primeira vez no império de Shih-huang da dinastia Ch’in (221-207 a.C.) e desde então tem sido representado em diversas formas de arte. Outro cogumelo bastante apreciado na China, Coreia e no antigo Japão, o Shiitake (Lentinula edodes), foi mencionado pela primeira vez por um médico chinês Wu Sang Kwuang, durante a dinastia Sung (960-1127 d.C.). O Shiitake era conhecido por melhorar a resistência física e utilizado para curar constipações e reduzir o colesterol no sangue.

 Entre os objectos de Ötzi, o Homem do gelo, uma múmia com cerca de 5300 anos encontrada nos Alpes italianos, encontravam-se duas espécies de cogumelos medicinais, Fungo-Pavio (Piptoporus betulinus) e Casco-de-cavalo (Fomes fomentarius), a primeira conhecida pelas suas propriedades antibacterianas e a segunda utilizada tradicionalmente na Europa para estancar hemorragias e cauterizar ferimentos.

Casco-de-cavalo (Fomes fomentarius)

Actualmente, conhecem-se cerca de 270 espécies de cogumelos com propriedades medicinais ou terapêuticas. Estas constituem uma vasta e ainda inexplorada fonte de compostos activos benignos, com aplicações sobretudo como potenciadores do sistema imunitário e com acção anti-tumoral. A maioria destes compostos activos são polissacarídeos, também conhecidos por β–glucanos, que interagem com o sistema imunitário, regulando aspectos específicos da nossa resposta imunológica, aumentando as defesas do organismo contra agentes patogénicos. Outros compostos apresentam a capacidade de destruir radicais livres e têm efeitos citotóxicos sobre as células cancerígenas.

Abaixo descrevem-se sinteticamente as propriedades e potenciais aplicações medicinais de algumas espécies de cogumelos passíveis de ser encontradas nos nossos bosques ou mesmo nas prateleiras da maioria dos supermercados.

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