O Rosmaninho em Portugal

Pedro Bingre
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Apesar de tão abundantes no nosso país, os rosmaninhos parecem estar a desaparecer velozmente das tradições portuguesas, particularmente no que respeita à culinária rústica e à aplicação paisagista. Em qualquer hipermercado é possível comprar pouquitos ramos de rosmaninho (geralmente L. pedunculata ou L. luisieri) por duas ou três centenas de escudos, mesmo quando o exterior do próprio estabelecimento está rodeado de matos dessa espécie! E o mesmo se repete para o poejo, o alecrim, a hortelâ, o tomilho... abundantes por tantas ribeiras. Será que as novas gerações de cozinheiros já não conseguem identificar no campo os ingredientes habituais da cozinha vernácula de outrora? E outro tanto sucede nos jardins que a cada passo plantamos... onde se instalam quase sempre espécies exóticas de Lavandula, enquanto noutros países se aprecia bastante ajardinar com as portuguesíssimas Lavandula pedunculata, L. luisieri, e mesmo o rosmaninho-verde (L. viridis), que é praticamente ignorado aquém-fronteiras. Leiam-se, por exemplo, algumas publicações da Royal Horticultural Society para constatar como no mundo do paisagismo anglo-saxónico estas espécies são estimadas.

Como a publicação deste artigo decorre já em pleno Verão, o leitor encontrará pelos campos o já tão gabado odor do rosmaninho, mas infelizmente encontrará as suas belas espigas floríferas já secas. Tem boa compensação, porém: compre o mais apreciado produto desta planta: o mel. Várias regiões do país são especialistas na produção de mel de rosmaninho, espécie excepcionalmente melífera. Acorra, por exemplo, a Mértola; e veja os campos, e cheire o mel, e prove-o. E diga de sua justiça.

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