Alterações da paisagem de uma Região do Minho no Período 1958-1995 e seus Impactos na Diversidade de Aves: A Importância do Fogo

Francisco Moreira, Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves-ISA
Imprimir
Texto A A A

 

E QUAL É A IMPORTÂNCIA DO FOGO?

O fogo parece desempenhar um papel importante na manutenção de matos baixos, que apesar de possuírem uma diversidade de aves baixa albergam algumas espécies que só ocorrem neste habitat. Para além disso, várias espécies de aves de rapina (não consideradas neste estudo) utilizam estas zonas ardidas como locais de alimentação. Desta forma, pode considerar-se o fogo como um fenómeno que aumenta a diversidade de aves à escala da paisagem, desde que as áreas ardidas se restrinjam a zonas de matos. Obviamente que um incêndio de grandes proporções que destrua toda a área de estudo terá consequências bastante nefastas na biodiversidade. A figura 2 sumariza as principais implicações, para as várias espécies de aves, do abandono de terrenos agrícolas e fogos florestais. Como consequência do abandono dos campos agrícolas, a tendência natural será para um desenvolvimento progressivo da vegetação. Muitas espécies típicas de zonas agrícolas desaparecerão e serão substituídas por espécies típicas de matos baixos e altos. Posteriormente, a evolução da vegetação para uma situação de floresta levaria à substituição progressiva de espécies de matos por espécies florestais. Sem intervenção humana, toda a zona se transformaria em floresta num espaço de décadas. Neste contexto, o papel dos fogos florestais acaba por ser o de manter alguns mosaicos de matos baixos na paisagem, o que favorece as populações de aves. Como medidas gerais para a manutenção da diversidade paisagística e de aves na região, sugere-se: (a) a manutenção das áreas agrícolas remanescentes, por exemplo através do desenvolvimento de políticas agro-ambientais; (b) a promoção de espécies de árvores nativas, particularmente carvalhos, em detrimento de pinheiros e eucaliptos. Esta medida permitiria igualmente diminuir o risco de fogos florestais de grandes dimensões (resultados apresentados noutro artigo); (c) a promoção da utilização do fogo controlado na região. Esta técnica permite simultaneamente a criação de habitats importantes para a vida selvagem e a prevenção de fogos florestais de grandes dimensões, ao criar corta-fogos na paisagem.

Comentários

Newsletter