A Conservação das Aves

Júlia Almeida
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As aves são elementos fundamentais dos ecossistemas, sendo o grupo de espécies mais bem estudado e o que mais atenção atrai, pela sua beleza e facilidade de observação. São, por isso, um porta-estandarte da conservação da biodiversidade.

A conservação da Natureza afigura-se como imprescindível para manter equilibrios ecológicos vitais e para assegurar a manutenção, num sentido mais lato, da biodiversidade global. Neste contexto, e à medida que o futuro das espécies de aves se vai tornando mais precário e incerto, vai-se afirmando a necessidade da conservação desse grupo animal.

O interesse pelas aves

O número crescente de observadores e investigadores de aves, e de instrumentos legais para a protecção da avifauna, atesta um grande empenho por estas espécies. Mas porquê tanto interesse pelas aves? As motivações para tal podem ser de ordem distinta, indo desde de natureza estética, a interesse científico ou valor económico.

As aves são, desde tempos imemoriais, símbolos de liberdade, força, alegria, sabedoria, vitalidade e morte. O prazer proporcionado pelo seu contacto e proximidade é traduzido pelo grande número de observadores de aves, numa actividade que ocorre em todos os continentes como diversão da pressão do dia a dia.

 

Vários aspectos do nosso conhecimento actual, da visão ao comportamento, vôo, migração e fisiologia obtiveram-se a partir do estudo das aves. A teoria da selecção natural como mecanismo de evolução, inegável referência científica, foi formulada por Darwin a partir da observação dos tentilhões das Galápagos. As aves permitem ainda reconhecer os efeitos das nossas actividades no ambiente, sendo consideradas como úteis bioindicadores das alterações ambientais. O acentuado declínio de diversas espécies de aves alerta-nos para o impacto ambiental das nossa actividades e para o prejuízo ambiental que estamos a causar através da destruição e fragmentação dos habitats, poluição e introdução de espécies.

As aves são também valorizadas pela sua importância económica. Movimentam somas não negligenciáveis em torno da sua observação e da actividade cinegética, quer através do turismo como dos materiais e actividades associadas. Para dar uma ideia da popularidade da observação de aves e da sua expressão, pode-se adiantar que se estima que entre 1983 e 1997 o número de observadores de aves norte-americanos tenha aumentado de 21 milhões para 63 milhões de pessoas, que gastam actualmente cerca de 20 biliões de dólares por ano nessa actividade.

Por outro lado, as aves apresentam inegável valor ecológico e ao funcionarem como agentes de polinização, predadores de insectos e controladores de roedores, prestam ao homem benefícios relevantes. Está calculado que as aves destroem cerca de 98% da forma larvar de uma das maiores pestes dos pomares de maçã que ocorre à escala mundial. O significativo papel de controladores das populações de insectos desempenhado pelas aves em certas florestas americanas foi estimado em cerca de 2000 dólares/ano/km2.

Importa ainda referir que há custos enormes associados à não protecção das aves. Com efeito, a recuperação de espécies ameaçadas importa geralmente somas avultadas. A recuperação de uma coruja americana, por exemplo, orçou ate 1995 em 18,5 milhões de dólares.

Por todas estas razões, a perda das espécies de aves para além de constituir um motivo de tristeza é também um acontecimento dispendioso.

 

A diversidade de aves

Considera-se actualmente a existência de cerca de 11 000 espécies de aves em todo o mundo, que representam uma componente importante da diversidade biológica terrestre.

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