Implementação de Culturas para a Fauna como medida de gestão dos recursos alimentares

Luís Miguel Reino
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A utilização de culturas para a fauna é uma das principais medidas de gestão de algumas espécies de vertebrados. Aqui apresentam-se indicações práticas para a sua implementação, como forma de melhorar a disponibilidade de alimento.

No final do século XX, assistiu-se a um rápido desenvolvimento das preocupações relacionadas com o meio ambiente e a gestão dos recursos naturais de uma maneira geral. Em Portugal, as políticas e práticas de gestão do habitat estão muito associadas ao maneio dos recursos cinegéticos e, com particular destaque, para a gestão direccionada para as espécies cinegéticas de maior relevância económica, como a Perdiz-vermelha Alectoris rufa, e o Coelho Oryctolagus cuniculus.

A introdução de medidas de gestão concretas, como a implementação de culturas para a fauna, pode revelar-se neste contexto de grande utilidade e relevância. Tal deve-se ao facto das culturas introduzidas poderem melhorar em aspectos muito diferenciados, o habitat das espécies cinegéticas. Essa melhoria inclui o coberto de refúgio e de abrigo, de reprodução e as disponibilidades alimentares.

 
Neste artigo abordamos a utilização das culturas na melhoria dos recursos alimentares da fauna selvagem. A escolha das culturas deve obedecer a critérios rigorosos, por forma a que as que são seleccionadas sejam as mais adequadas para os fins que os gestores se propõem. Pretendemos fornecer aqui uma listagem de espécies que possam ser utilizadas pelos gestores faunísticos, com fins cinegéticos e/ou de conservação. Neste apontamento apenas pretendemos visar espécies de caça menor, podendo também ser utilizadas para outras espécies bravias (por exemplo, para o Sisão Tetrax tetrax e para a Abetarda Otis tarda).


  
 
Culturas destinadas a fornecer alimento

Existe um leque muito variado de opções neste domínio. Pela sua importância destacamos as seguintes opções:

Gramíneas – destacam-se por serem sobejamente conhecidas e de fácil obtenção na maior parte dos casos. Para além disso podem ser utilizadas numa grande diversidade de áreas. As culturas mais frequentemente utilizadas são as diferentes variedades de aveia, trigo e centeio, milhos, sorgo e misturas destas últimas e “limpaduras” (misturas que resultam dos restos dos celeiros e armazéns). Podem ser de sequeiro e de regadio.

Leguminosas – em Portugal são utilizadas com frequência, por exemplo nos montados nas regiões centro e sul do país. Podem ser usadas um número vasto de espécies das quais destacamos a ervilhaca, a fava, a mostarda-branca e a ervilha miuda de Inverno, etc. As condições que estas e outras espécies podem ser instaladadas estão descritas na Tabela.

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